O novo decreto do Governo do Ceará com especificações do isolamento social rígido autoriza clínicas de psicologia a funcionar presencialmente. No entanto, diante à segunda onda da pandemia da Covid-19, o Conselho Regional de Psicologia da 11ª Região, que abrange todo o Estado, orienta que os profissionais optem por atender de forma remota, salvo casos específicos nos quais a consulta à distância não se mostra eficaz.

Neste domingo (21), a  presidenta do Conselho Regional, Nágela Evangelista, disse ao Diário do Nordeste que o posicionamento da instituição tem como intuito resguardar a saúde dos pacientes e dos profissionais da categoria. Nágela afirma que a orientação geral é que, quando possível, o atendimento seja remoto, e que, quando estritamente necessário, presencial.

"Sabemos que para alguns públicos o atendimento virtual não funciona bem. Costumam ser os casos de pacientes com crises, crianças menores de seis anos e pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). No geral, a recomendação é que os atendimentos ainda sejam de forma remota, mas não podemos proibir presencial. É avaliar cada caso individualmente", disse a presidenta.

Desde a última semana, profissionais da área da saúde, mesmo que não estejam diretamente na linha de frente, vêm sendo imunizados contra o coronavírus em Fortaleza. Há informação que centenas de psicólogos já receberam a primeira dose da vacina na Capital. O Conselho diz não saber quantificar com exatidão quantos membros da categoria estão vacinados.

Dia a dia
A psicóloga Paula Abreu conta que atende em uma clínica particular em Fortaleza há quase quatro anos, mas desde 2020, com a deliberação do Conselho Federal, realiza atendimentos remotos. Ela destaca que, com o lockdown, pacientes foram prejudicados e deixaram de ser atendidos. Agora, com a liberação, a ideia é se valer do presencial e virtual.

"Como estamos passando por esse período de lockdown, muitas pessoas não têm espaço nem privacidade em casa para se sentir confortável o suficiente para a sessão. E tem muito paciente que prefere o atendimento presencial por este 'sair de casa' - já que, muitas vezes, a própria 'casa' é objeto das questões que o paciente traz para a sessão. Sem falar nas dificuldades para o atendimento infantil, pois dependendo da faixa etária, a criança é atendida através da interação lúdica, com brinquedos ou instrumentos, e de maneira remota, há prejuízo nesse sentido, pois os recursos ficam limitados. É uma decisão importante, pois nos dá espaço para perguntar ao paciente e, junto com a nossa visão profissional, perceber qual o melhor para ele", disse Paula.

Nágela destacou ainda a orientação para todos os profissionais respeitarem os protocolos sanitários: "As crianças com TEA, por exemplo, por lei não são obrigadas a usar máscara. Reiteramos a importância dos profissionais se protegerem com máscara, protetor facial, sempre higienizar o ambiente entre um atendimento e outro e até mesmo reduzir o número de atendimentos durante o dia".

Ofício
A autorização do Governo vem após movimentação do Conselho e da categoria como um todo para permitir atendimentos presenciais. A psicóloga infantil Felícia dos Santos disse ter participado ativamente para a conquista.

"Foram diversas reuniões. Precisamos entender que o atendimento psicológico é uma prioridade, principalmente em um contexto de pandemia. A criança de 0 a seis anos ainda está se desenvolvendo no campo emocional e a linguagem está no concreto. Precisa do contato e da experiência em um espaço lúdico, e assim a aprendizagem dela é mais satisfatória", afirma Felícia.

Nágela destaca ainda que devido ao decreto divulgado no início deste mês de março, quando o atendimento clínico da psicologia não constava nas atividades essenciais, a direção do Conselho oficiou a Casa Civil do Estado, pedindo pela inclusão.

"Antes, até mesmo os atendimentos destes casos específicos estavam suspensos. Então a categoria se movimentou explicando o porquê de ser um serviço essencial. Em paralelo houve articulação com parlamentares. É uma vitória coletiva", destaca a presidenta.

(Fonte: Diário do Nordeste)

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