Foto: José Cruz

Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, pediu demissão do cargo nesta segunda-feira (29). A informação foi divulgada pelo jornal O Globo.

Segundo a publicação, Araújo comunicou a demissão aos subordinados.

A informação ainda não foi confirmada oficialmente pelo Governo Federal.

ALVO DE CRÍTICAS
Embora sempre tenha enfrentado resistências por ter promovido uma guinada ultraconservadora no ministério, o destino de Ernesto foi selado após os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), terem se unido à coalizão para afastá-lo do governo.

Em 22 de março, Lira e Pacheco tiveram um encontro em São Paulo com grandes empresários, que não pouparam Ernesto. Ele foi chamado de omisso e acusado de executar na política externa o negacionismo de Bolsonaro na pandemia, o que teria feito o Brasil perder um tempo precioso nas negociações por vacinas e insumos para o combate à Covid-19.

Na reunião, a suposta omissão de Ernesto foi apontada como um dos fatores para a situação de calamidade pela qual o Brasil passa, com recordes diários de mortes pelo coronavírus, risco de escassez de medicamentos e ritmo de vacinação insuficiente para fazer frente aos meses mais duros da doença.

No último sábado (27), um grupo de mais de 300 diplomatas publicou uma carta pública acusando a política externa atual de causar "graves prejuízos para as relações internacionais e a imagem do Brasil" e pedindo a saída de Araújo do ministério.

Na mesma semana, mas na quarta-feira (24), senadores pediram a demissão do ministro. Em audiência com a presença do chanceler, os parlamentares criticaram a postura do Itamaraty no cenário mundial. "Peço um favor: renuncie a esse ministério. Em nome do país, renuncie. É esse o apelo que faço. Ministro, pelos brasileiros, renuncie", disse a Araújo o senador Tasso Jereissati (PSDB).

RELAÇÃO COM A CHINA
O principal flanco de desgaste de Ernesto em seus meses finais no cargo foi a relação com a China, maior parceiro comercial do Brasil e país exportador da matéria-prima utilizada tanto pelo Instituto Butantan quanto pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na produção de imunizantes contra o coronavírus.

No domingo (28), Ernesto postou em uma rede social que não teria cedido a um pedido de Katia Abreu, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, para acenar ao lobby chinês em relação ao tema do 5G no país. A acusação gerou forte reação de deputados e senadores, e Katia Abreu chegou a chamar o agora ex-chanceler de marginal.

No dia seguinte, houve movimentações para formular um pedido de impeachment e a ameaça de que indicações para postos diplomáticos seriam bloqueadas.

Diplomata, Araújo estava no governo de Jair Bolsonaro (sem partido) desde o início da gestão. 

(Diário do Nordeste)

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