As maiores taxas de letalidade pela Covid-19 no Nordeste, atualmente, são em Pernambuco (3,5%) e no Maranhão (2,7%). FOTO: Thiago Gadelha

O Ceará ocupa, atualmente, o primeiro lugar no ranking dos estados nordestinos com as maiores taxas de mortalidade pela Covid-19. Atualizados pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira (15), os dados dão conta de que o Estado tem 71 óbitos por 100 mil habitantes, e está a dois pontos percentuais atrás da média nacional (173).

No que diz respeito à letalidade, porém, o Ceará está no terceiro lugar do Nordeste, com uma taxa de 2,6%, enquanto no Maranhão, está em 2,7% e, em Pernambuco, 3,5%. Para especialistas, este índice é mais preciso para medir a situação da crise sanitária.

Diferença entre mortalidade e letalidade

Enquanto a mortalidade é a quantidade de óbitos registrados dividida pela quantidade de pessoas residentes em determinado local, letalidade diz respeito à proporção de pessoas que morreram dentro do total de pessoas infectadas.

Por isso, a letalidade é um dos indicadores mais adequados para analisar a gravidade da pandemia. A epidemiologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Caroline Gurgel explica:

“A letalidade me dá um valor mais fidedigno. Consigo dizer que, em cada cem pessoas, duas estão morrendo”, disse Caroline Gurgel.

Causas

A posição do Ceará no ranking, de acordo com a especialista, reflete a baixa adesão tanto às medidas de segurança sanitária quanto ao isolamento social rígido promovido pelo Governo no último mês.

Além disso, o aumento da letalidade pode, também, estar associado à saturação da rede de assistência à saúde, uma vez que as filas de espera por vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), por exemplo, estão cada vez mais altas e já quase não há leitos disponíveis.

Conforme o IntegraSUS, com dados atualizados às 19 horas desta quinta-feira (15), a taxa de ocupação de UTIs no Estado está em 93,69% e a de enfermarias em 79,48%.

E há, ainda, segundo Gurgel, os agravamentos da infecção provocados pela procura tardia por assistência hospitalar.

“Infelizmente, tem pessoas chegando muito tardiamente aos serviços [de saúde]. Pessoas que estavam acreditando que, tomando medicamento por conta própria, iriam resolver o problema. Os [médicos] intensivistas estão pedindo para que as pessoas parem de se automedicar. Isso está se mostrando um fator muito importante na letalidade”.

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) foi procurada pela reportagem para repercutir os dados do Ministério da Saúde e, também, avaliar as possíveis causas para as altas taxas locais de mortalidade e letalidade pela Covid-19.

Em nota, a pasta reforçou que, “apesar dos impactos sofridos com a grande quantidade de casos na primeira e na segunda onda e variantes mais agressivas na segunda onda, a taxa de mortalidade do Ceará está abaixo da média nacional” e a taxa de letalidade permanece abaixo de 3%, o que seria a média mundial.

Fonte: Diário do Nordeste

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