Foto: Patrícia Silva

Reportagem: Patrícia Mirelly Lima

Quem passa pelo Bairro Salesianos, em Juazeiro do Norte, pode não imaginar que o casarão da Rua Cel. Antônio Pereira, número 64, pertencia ao médico e político Floro Bartolomeu e foi transformado em orfanato pelo Padre Cícero Romão Batista, que o consagrou à Sagrada Família de Nazaré: Jesus Maria José. A instituição chega nesta quinta-feira, dia 8 de abril, a data magna dos 105 anos.

Era 1916 quando o padrinho, muito sensibilizado com a situação das crianças que lhe chegavam aos montes, privadas de direitos fundamentais como a convivência familiar e comunitária, mandou adaptar o edifício, cuja direção, a princípio, foi assumida por algumas beatas. Desde 1935, está sob os cuidados das Irmãs Filhas de Santa Teresa de Jesus, congregação fundada pelo primeiro bispo de Crato, Dom Quintino Rodrigues. Funcionou como internato de meninas órfãs até 1994.

Depois disso, passou a expandir os serviços ao público infanto-juvenil em situação de vulnerabilidade econômica e social, entre 7 e 14 anos, graças a ajuda de parceiros afetivos e profissionais, oferecendo oportunidades de acesso à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer, por meio de oficinas socioeducativas (reforço escolar, música, esporte, teatro e artesanato) a mais de setenta crianças, sem perder de vista os valores religiosos, pilares fundamentais à edificação humana.

Para fazer memória dessa trajetória de construção de futuros, resgate e promoção da dignidade humana de tantas centenas de crianças e adolescentes, o pároco e reitor da Basílica Nossa Senhora das Dores, Padre Cícero José da Silva, presidiu a celebração eucarística, na sede da instituição, no fim da tarde desta quinta (8), em ação de graças a Deus. Para o reitor, O Orfanato Jesus Maria José é uma das “respostas concretas” dada pelo patriarca de Juazeiro à realidade da época.

“Um dos seus ensinamentos era que em cada casa tivesse uma oficina de oração e também uma oficina de trabalho, o que nós chamamos de fé e vida. E, para dar ajuda àquelas crianças que eram órfãs, vítimas, muitas vezes da flagelação da seca e de outras situações que acometiam as famílias, Padre Cícero transforma esta casa, que era chamada a ‘Casa de Campo do Dr. Floro Bartolomeu’, neste espaço de acolhida. Um dos objetivos é ajudar a criança a ‘ser humana’, sensível à causa do Evangelho”, considerou o sacerdote.

“Desde o início, nós trabalhamos disciplina, responsabilidade e compromisso. E a gente tem um cuidado muito grande em orientar para que as crianças acreditem no Cristo Ressuscitado, nosso Salvador. As crianças são muito abertas e acreditam nas irmãs que já passaram por aqui”, completa a coordenadora da Comunidade do Orfanato, Irmã Maria Zenilda.

A coordenadora geral da Congregação, Madre Vera Lucia Alves de Andrade, disse que a obra, nascida do coração amoroso e misericordioso do Padre Cícero Romão Batista, segue firme sustentada por ele e pela Mãe das Dores. “Agradecemos as pessoas que ajudam, que chegam junto, os parceiros, as pessoas de boa vontade, os romeiros, de perto e de longe, que sempre estão aqui para somar e para fazer valer o amor que têm a esta casa, fruto do sonho do patriarca do Nordeste”.

Ao fim da missa, Padre Cícero José e Madre Vera receberam comenda alusiva aos 105 anos do Orfanato, em agradecimento ao “auxílio e solidariedade” que transformam “futuros e realidades de jovens do nosso Cariri”.

Solidariedade na pandemia

Mesmo na pandemia de Covid-19, a Orfanato Jesus Maria José não deixou de cumprir sua missão. Em parceria com outras instituições, tem distribuído cestas básicas e quentinhas para as famílias das crianças assistidas. “Tem mãe que se ajoelha, levanta as mãos pro Céu e agradece a Deus a oportunidade de levar comida para os filhos”, contou Irmã Zenilda.

Apesar disso, a Obra carece de angariar mais doações. Os interessados podem participar por meio de depósito na conta Banco do Brasil, Agência 0433-2, Conta 66.366-2 ou ligar para (88) 98811-9732, cujo número também está no aplicativo de troca de mensagens WhatsApp.

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