Células do endotélio vascular (esquerda) e células tratadas com a proteína spike do Sars-CoV-2 (direita) (Foto: Salk Institute)

Segundo estudo publicado no jornal científico Circulation, ao contrário do que se pensava inicialmente, a Covid-19 não se trata de uma doença respiratória, mas sim, uma doença vascular. A pesquisa foi elaborada no Instituto Salk, nos Estados Unidos, e publicada na última sexta-feira, 30. A equipe de cientistas acredita que a descoberta pode facilitar o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes contra a doença. As informações são da revista Galileu.

Os estudiosos documentaram como a proteína spike do vírus Sars-CoV-2 contribui para danificar células endoteliais vasculares. “Isso poderia explicar por que algumas pessoas têm derrames e por que algumas pessoas têm problemas em outras partes do corpo. A semelhança entre os casos é que todos têm bases vasculares”, explica em comunicado Uri Manor, coautor do estudo e professor assistente de pesquisa no Instituto Salk.

Segundo a revista Galileu, para entenderem como o coronavírus penetra nas células endoteliais vasculares, os pesquisadores criaram um pseudovírus, que não é exatamente o Sars-CoV-2, mas tem uma coroa de proteínas spike, usada de verdade no processo de entrada nas células.

Em testes com animais, o pseudovírus causou danos em pulmões e artérias, provando que a proteína spike trabalha sozinha para adoecer o organismo. Amostras de tecido revelaram que houve inflamação nas células endoteliais da artéria pulmonar.

Os experts também repetiram o processo em laboratório. Colocaram mais uma vez as células endoteliais das artérias do pulmão em contato com a proteína spike. Observaram, então, que outra proteína, chamada ACE2, se ligava à spike como um receptor.

De acordo com os pesquisadores, a ligação entre as duas proteínas interrompe a sinalização molecular que a ACE2 faz para as mitocôndrias, organelas responsáveis pela geração de energia. Dessa maneira, as mitocôndrias das nossas células são danificadas e a pessoa adoece.

Pesquisas anteriores já haviam mostrado um mecanismo parecido em células expostas ao Sars-CoV-2, mas o novo estudo é o primeiro a se focar na ação isolada da proteína spike. Agora, os cientistas planejam aprofundar as descobertas para entender como a ACE2 danifica as mitocôndrias. “Outros estudos com proteínas spike mutantes também fornecerão uma nova visão sobre a infecciosidade e gravidade dos vírus Sars-CoV-2 mutantes”, diz Manor.

Fonte: O Povo

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