Demanda por ensino presencial é demanda de pais e alunos. (Foto: Aurelio Alves)

Um grupo de mães, integrantes do movimento “Escolas Abertas Ceará” entrou com ação popular para retorno presencial dos alunos do ensino médio no Estado. A matéria já passou por análise inicial da Justiça cearense, resultando na determinação que o Governo do Estado se manifeste e preste esclarecimentos no prazo de cinco dias. A decisão foi tomada nesta terça-feira, 4, pela juíza Cleiriane Lima Frota, da 3ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Fortaleza.

A médica Fernanda Araújo, fundadora do movimento, pondera que a principal indignação das mães é o funcionamento de outras atividades com potencial maior de contaminação e a manutenção de escolas fechadas. Para ela, o retorno é possível com a definição de um protocolo sanitário e não necessita da vacinação em massa de professores e alunos, diante da escassez dos imunizantes.

Araújo defende que a principal preocupação do movimento é em relação à rede pública de educação, na qual os alunos estão expostos à situação social mais vulnerável, com maior possibilidade de evasão escolar e cooptação pelo crime organizado. “A gente já tem vários estudos científicos falando do prejuízo de escolas fechadas. Precisamos desses jovens educados, aprendendo sobre os protocolos. A escola é um ambiente muito importante”, destaca.

Uma pesquisa realizada pelo movimento, que representa três mil famílias, concluiu que 86,3% dos alunos cearenses tiveram sua saúde mental afetada negativamente pela rotina escolar realizada por meio do ensino remoto. Além disso, 64,4% convivem com sentimento de desânimo, sem motivação para estudar. No total, foram entrevistados 1.035 jovens de 12 a 17 anos, entre os dias 19 a 22 de abril.

O diálogo com a gestão estadual e municipal, conforme Fernanda, tem acontecido por meio do Ministério Público e da Defensoria Pública, assim como da Secretária de Saúde do Ceará. Ela lamenta, no entanto, que as expectativas defendidas não estejam sendo atendidas integralmente pelos gestores. “O ensino remoto não é uma realidade para a maioria das famílias. Exige uma estrutura muito grande, tanto física como emocional”, considera.

Na última quinta-feira, 29, professores e profissionais de educação da rede municipal de Fortaleza decidiram, em assembleias virtuais realizadas pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute) manter o ensino remoto, apesar da publicação do Decreto Estadual que autoriza o ensino presencial para turmas até o 9º ano do Ensino Fundamental.

De acordo com o jornalista Eliomar de Lima, caso a Prefeitura de Fortaleza exija o retorno da educação presencial, a categoria fará a “greve pela vida”, previamente autorizada pelo encontro dos trabalhadores. Ana Cristina Guilherme, presidente do Sindiute, condiciona o retorno da categoria às salas de aula à vacinação da população e a adequação da infraestrutura das escolas. “Não exageramos quando dizemos que escola sem vacina é chacina”, destacou a dirigente em entrevista ao colunista.

Fonte: O Povo

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