Foto: Aurelio Alves

O consumidor terá que preparar o bolso. Ontem, 6 de julho, começou a vigorar a nova tabela de preços da Petrobras que trouxe uma alta de 6,3% no preço médio da gasolina, de 3,7% no preço do diesel e de 5,9% no gás de cozinha nas refinarias. Por enquanto, isso ainda não se refletiu nos preços praticados em muitos postos e pontos de venda em Fortaleza, mas a mudança deve começar a ser sentida com mais força ainda nesta semana. E os efeitos podem ser desastrosos sobre a renda e a inflação. Especialistas avaliam que, em breve, a gasolina acima dos R$ 6, por exemplo, deve virar um novo padrão no Ceará.

Hoje, o preço médio para o produto no Estado é de R$ 5,73, segundo pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Mas, há três semanas, a máxima encontrada no Estado já é de R$ 6,12. No acumulado do ano, a alta é de 20,40%.

Se o reajuste para as distribuidoras for repassado na íntegra ao consumidor, o valor médio do produto pode chegar a R$ 6,09, com máxima de R$ 6,50. O especialista em petróleo e gás Bruno Iughetti não acredita que esse repasse ocorrerá de uma vez, porque o mercado de combustíveis é livre para estabelecer preços e a queda na renda da população têm forçado o a concorrência, mas essa é uma fatura que vai chegar ao cidadão.

"Os postos vão mudando os preços na medida em que renovam o estoque. Não acho que deve chegar na íntegra até por uma questão concorrencial, mas com certeza teremos aumentos sucessivos que farão com que logo a gasolina acabe ficando, na média, acima dos R$ 6 no Ceará".

Os demais combustíveis devem seguir mesmo caminho. Com preço médio de R$ 4,67 no Estado, na semana encerrada no último dia 3, o diesel acumula alta de 21,14% no ano, segundo a ANP. Enquanto o botijão de 13 kgs do gás de cozinha, que está custando, em média, R$ 94,32, apresenta variação de 13,68% ante janeiro deste ano.

"Não vai demorar para o gás de cozinha passar de R$ 100, o que é um problema social grave. Além disso, o aumento no preço do diesel neste patamar chega em um momento extremamente inoportuno quando mais uma greve dos caminhoneiros se aproxima".

Ele acredita que a gestão de Joaquim Silva e Luna na Petrobras - espaçando os reajustes dos combustíveis - também não contribui. Desde que assumiu a petroleira, na segunda quinzena de abril, esta é a primeira vez que a estatal elevou os preços da gasolina e do diesel, mesmo diante da alta no preço do petróleo no mercado internacional. Segundo Iughetti, o percentual de defasagem dos preços da Petrobras em relação ao exterior são respectivamente de 11% na gasolina, 8% no gás de cozinha e 6% no diesel.

"Já vimos esse filme em um passado recente, quando a Petrobras segurou os preços ao limite da sustentabilidade e, quando houve os reajustes, vieram com força total. O reajuste mais frequente favorece o preço final porque os aumentos são diluídos ao longo do tempo".

O engenheiro de petróleo e diretor da RPR Consultoria, Ricardo Pinheiro, também acredita em um repasse forte ao consumidor final. Ele lembra que, independentemente de a Petrobras segurar reajustes, há outros elementos que também estão influenciando a alta, como a elevação dos preços dos biocombustíveis que são misturados ao diesel e gasolina.

"E quando a gente observa o para frente o cenário também não é bom. Hoje se fala que o barril de petróleo pode chegar a US$ 85 ainda neste ano".

Futuro
Especialistas indicam que aumento de preços é uma tendência para os derivados de petróleo controlados pela Petrobras. Para os próximos meses, eles acreditam que haverá mais reajustes.

Petróleo
Enquanto dólar apontou uma redução ante o real neste ano, o barril de petróleo elevou a cotação internacional e interferiu diretamente nos preços no Brasil.

Fonte: O Povo

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