Foto: José Leomar

A pandemia da Covid-19 se arrasta há 16 meses no Ceará. Uma das ferramentas para medir a intensidade da transmissão da doença é o mapa de níveis de alerta elaborado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), publicado na plataforma IntegraSUS. Ele indica a situação de cada um dos 184 municípios, por semana epidemiológica.

A pedido do Diário do Nordeste, a Sesa divulgou a série histórica do mapa desde a semana 12 de 2020, quando o primeiro caso da doença foi confirmado pelo Estado, até a semana 27 de 2021, compreendida até o dia 10 de julho deste ano. Ao todo, são 69 períodos.

O mapa classifica os municípios em quatro categorias: novo normal (baixo), moderado, alto ou altíssimo. Para isso, são avaliados indicadores como incidência de casos, quantidade de internações por causas respiratórias, positividade de testes e ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Segundo o IntegraSUS, o nível apresentado no mapa é o maior entre os indicadores disponíveis para a área. Ou seja, para atingirem o selo “normal”, todos os valores precisam estar em queda.

Os níveis mais graves são o alto e o altíssimo, que podem indicar alta positividade de casos e grande ocupação de leitos. Ao longo da pandemia, as cidades que passaram mais semanas nessas duas classificações são:

65 semanas - Acopiara
63 semanas - Ipueiras
62 semanas - Orós, Senador Pompeu, Pedra Branca e Iguatu
61 semanas - Boa Viagem, Caririaçu, Quiterianópolis, Ararendá, Monsenhor Tabosa e Russas
60 semanas - Pires Ferreira,  Juazeiro do Norte,  Viçosa do Ceará, Varjota, Canindé, Tianguá, Mauriti e Tauá

Acopiara, no Centro-Sul do Estado, só teve cenário mais leve até o fim de abril de 2020. Desde então, a cidade alterna os indicadores entre alto e altíssimo.

Segundo a coordenadora municipal da Vigilância Epidemiológica, Thaís Guilherme, ainda chegam muitos casos positivos do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), mas "deu sim uma diminuída, pois antes eram poucos negativos e muitos positivos, e hoje está mais equilibrado". Além disso, constata que as internações "diminuíram bastante e de forma considerável".

Fortaleza, Quixadá e Ipueiras são as únicas cidades cearenses que nunca apresentaram risco baixo de transmissão. O índice mínimo que atingiram nas 69 semanas foi o “moderado”.

Além delas, Eusébio, Iguatu, Jaguaribe, Santana do Cariri, São Gonçalo do Amarante e Sobral só atingiram o nível mais baixo durante uma semana, em períodos variados.

REGISTROS EM QUEDA
Por outro lado, as cidades que passaram menos tempo em nível alto ou altíssimo foram:

45 semanas - Camocim
44 semanas - Fortim, Morrinhos e Paraipaba
42 semanas - Apuiarés
41 semanas - Granjeiro

Além disso, os municípios com mais tempo em nível “baixo” estão listados a seguir. Porém, há de se ressaltar que esses valores foram mais frequentes no início da pandemia, quando a doença ainda não havia chegado com força ao anterior. Em 2021, o último nível desse tipo foi registrado no início de março, que coincide com o avanço da segunda onda.

11 semanas - Chaval e Potengi
10 semanas - Tarrafas, Martinópole, Piquet Carneiro, Altaneira, Abaiara, Guaramiranga e Penaforte.

Porém, na última semana, o Ceará voltou a ter cidades no nível mais baixo de alerta após quatro meses: Barroquinha, Camocim, Frecheirinha, General Sampaio, Palmácia e Pentecoste agora apresentam pouco risco de transmissão da doença. 

De forma geral, o Ceará ainda está no nível "alto" de transmissão devido a dois indicadores: internações e taxa de letalidade. Contudo, segundo o IntegraSUS, ambos estão em tendência decrescente. Incidência de casos, percentual de leitos ocupados e taxa de positividade de testes apresentam risco baixo.

VIGILÂNCIA E CUIDADOS MANTIDOS
Atualmente, Fortaleza apresenta apenas taxa de letalidade em níveis altos. Ocupação de leitos e diagnósticos positivos seguem em queda. No entanto, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ainda recomenda cautela.

“Apesar da diminuição consistente e significativa dos casos novos, observada desde meados de maio, cabe ressaltar que ainda há transmissão comunitária da doença. Por essa razão, a incidência deve ser rigorosamente monitorada”, disse no último boletim epidemiológico, de 16 de julho.

Thereza Magalhães, enfermeira, professora e pesquisadora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), considera o Ceará como um dos Estados que melhor combateu a pandemia no País e diz que a manutenção dos índices baixos depende de vários fatores.

"O que a gente precisa inibir é a circulação do vírus, é só distanciamento social, uso de máscara e vacinação em massa é que vão propiciar isso. Se a gente não tiver suscetíveis, então o vírus vai circular minimamente, se replicar minimamente e fazer minimamente variantes, o que compromete a própria existência dele no nosso meio.”

Fonte: Diário do Nordeste

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