Halyson Lima Alves ao lado de profissionais que ajudaram no tratamento e recuperação no presídio em Uberlândia. Foto: Sejusp/Divulgação

Do mundo do crime para os braços da família. Assim é a história de Halyson Lima Alves que, após ser preso por roubo várias vezes e diagnosticado com esquizofrenia, passou por ressocialização enquanto detento no Presídio de Uberlândia I, antigo Professor Jacy de Assis, em Minas Gerais. Agora, sete anos depois, ele retornou para a cidade natal, no interior do Ceará.

O trabalho feito com o detento, de 38 anos, foi divulgado pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). A reeducação do presidiário e retorno para a casa foi feita após articulação do Sistema Prisional com a Defensoria Pública e o Tribunal de Justiça.

Fachada do Presídio Professor Jacy de Assis em Uberlândia. Foto: Reprodução/TV Integração

Para a subdiretora de Humanização do Atendimento do Presídio de Uberlândia I, Janaína Pessoa, o resultado mostra que a ressocialização no sistema prisional visa oferecer dignidade, tratamento humanizado, conservando a honra e a autoestima do preso.

Prisão
Halyson Lima Alves foi levado ao presídio por roubo. Em 2013 ele conseguiu alvará de soltura e junto com a família foi para o Cariri cearense. Contudo, segundo a unidade, no ano seguinte, voltou para região do Triângulo Mineiro, se tornou morador em situação de rua e cometeu mais crimes, sendo preso novamente.

Diante dos depoimentos desconexos, o detento foi diagnosticado com transtornos mentais. Halysson foi acompanhado pelo Serviço de Saúde Mental do município, passou pelo ambulatório de psiquiatria da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), por um Centro de Atenção Psicossocial (Caps), além de se tornar parte do projeto Além das Grades.

Segundo a unidade, "o detento era uma pessoa com dificuldade de se assumir como sujeito responsável por suas ações, necessitando de apoio e atenção diferenciados, incluindo medicação supervisionada".

Ressocialização
Cinco anos após cumprimento de pena, Halyson conseguiu retomar o contato com a mãe, irmão e o filho, por meio de ligações monitoradas pelo presídio. Com o tratamento oferecido na unidade e a retomada com o convívio familiar, ele deu início à recuperação.

Em 2020, o detento progrediu para o regime semiaberto, mas cumpriu dentro da unidade por não ter condições de sair.

Atividades artesanais passaram a fazer parte da rotina de Halyson, que aprendeu a fazer origami. Após apresentar melhoras significativas na saúde mental, relembrou das técnicas da arte japonesa de dobradura de papel e passou a ensinar a um colega de cela, que se tornou um grande amigo, considerado, por ele, um irmão.

Recentemente, o detento conseguiu converter o regime aberto em prisão domiciliar e conquistou a possibilidade de estar junto com a família, que não reencontrava há sete anos. Foi quando ele embarcou de avião, escoltado, até Juazeiro do Norte e, em seguida, viajou de carro até Brejo Santo, onde é a terra natal.

No presídio, além de aprendizado, ele deixou pessoas que adotou como membros da família, como por exemplo a assistente social Márcia Aurélia Caldeira, que tornou-se a “mãe mineira”.

“Já tivemos diversos pacientes psiquiátricos aqui no presídio, mas este foi um caso especial. Conseguimos, graças ao apoio de muitos profissionais, ajudar e encaminhar o Halyson, com os devidos cuidados necessários, para junto de sua família. Temos mantido contato com ele por telefone”, contou.

Fonte: G1 Triângulo e Alto Parnaíba

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