O primeiro caso de transmissão comunitária da variante delta do coronavírus no Ceará foi detectado em Icó, na região Centro-Sul. O caso foi confirmado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e diagnosticado em um profissional de saúde do município, localizado a 360 km de Fortaleza. Ele afirma que não viajou recentemente para fora do Ceará, nem teve contato com viajantes.

O resultado de exame de sequenciamento genético, utilizado para detectar a variante delta, saiu na última segunda-feira (9 de agosto).

"O caso serve de alerta para a população para retomar ou reforçar os cuidados sanitários básicos para evitar a transmissão viral de Covid-19, como uso de máscara, álcool 70%, higiene constante das mãos, evitar aglomerações e viagens. A Sesa recomenda que a mobilidade intermunicipal, entre as cidades cearenses, seja reduzida somente para casos estritamente necessários", diz a Secretaria.

Até o momento, o Ceará tem 16 casos de pessoas identificadas com a variante delta, sendo uma de transmissão comunitária e as outras 15 de pessoas que viajaram para locais onde já há a circulação do vírus.

Monitoramento nos aeroportos
A Justiça federal atendeu a um pedido do governo do Ceará e determinou que viajantes que venham de avião ao Ceará comprovem que estão vacinados completamente contra a Covid-19 (com duas doses ou dose única) ou apresentem realização de teste negativo para detecção do coronavírus, feito em até 72 horas antes do voo.

A decisão do juiz Luís Praxedes Vieira da Silva, da 1ª Vara da Justiça Federal do Ceará, atendeu a um pedido do governo cearense. A ideia da gestão é barrar o crescimento da variante delta no estado, cujo número de registros já alcançou os 15 casos, na última sexta-feira (6). Todos foram identificados no Centro de Testagem de Viajantes, montado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), no aeroporto.

Procuradas, a União Federal e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ainda não informaram quando passará a exigir o que determinou a Justiça.

Com a decisão, só podem embarcar em voos para o Ceará e desembarcar no estado:

Passageiros com comprovante de vacinação atestando a integralização do ciclo de imunização, com a aplicação das duas doses ou dose única, a depender das especificações do imunizante utilizado;

Passageiros com resultado negativo de exame de antígeno ou RT-PCR realizado em até 72h antes do horário do voo.

Variante com procedência do Rio de Janeiro
Uma nota técnica publicada pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa-CE), nesta segunda-feira (9), aponta que 80% dos casos da variante delta (B.1.617) do coronavírus confirmadas no Ceará têm como estado de procedência o Rio de Janeiro.

Na última sexta-feira (6), o governador Camilo Santana (PT) adiantou que o Ceará já registrava 15 casos sequenciados da variante delta; o aumento dos registros impediu o avanço na flexibilização da economia. A variação do coronavírus preocupa cientistas e autoridades sanitárias do mundo todo por ser a mais transmissível das já identificadas até agora.

De acordo com a Sesa, dos 15 casos da delta no estado, 12 vieram do Rio de Janeiro e foram confirmados após exames feitos de forma aleatória no Centro de Testagem de Viajantes do Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza. A unidade foi montada há um mês, no dia 9 de julho, e todos os casos da variante foram identificados lá.

Além do Rio de Janeiro, viajantes de São Paulo (1), Recife (1) e oriundo do México (1) também testaram positivo. A maioria dos casos são relativos a cearenses que visitaram esses locais.

Neste aspecto, os pacientes que positivaram moram nas cidades de Fortaleza (5), Caucaia (1), Choró (1), Jaguaretama (1), Irauçuba (1), Ipueiras (1), Itapipoca (1), Poranga (1), Sobral (1), Tauá (1) e Paraipaba (1).

No dia 29 de julho, apenas uma semana antes da identificação dos 15 casos, o Ceará registrava apenas quatro sequenciamentos da Delta. O aumento, em sete dias, foi de 275%.

Por causa desse avanço, orientou que viajantes procedentes de estados como Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, além do Distrito Federal façam quarentena de 14 dias após chegada ao Ceará, com automonitoramento de possíveis sintomas gripais.

No Brasil, casos da delta já foram confirmados em 10 estados e no Distrito Federal, conforme o Ministério da Saúde. Já é considerado que o País tem transmissão comunitária da variante, o que significa que ela já está sendo transmitida dentro do território brasileiro de forma sustentada, sem relação com casos vindos de outros países.

Variante mais transmissível de todas
A variante delta, identificada pela primeira vez na Índia em outubro do ano passado, vem preocupando especialistas, países e entidades internacionais, além de brasileiras. Ela é mais transmissível do que as demais variantes que já circulam no Brasil, como a gama, identificada inicialmente em Manaus; e a variante alfa, primeiramente encontrada no Reino Unido.

Atualmente, a delta é um dos principais aceleradores da pandemia no mundo, inclusive nos países onde a vacinação está avançada. O novo vírus já circula em, pelo menos, 124 países e já corresponde a 99% dos novos casos confirmados no Reino Unido.

Os cientistas ainda não conseguiram definir se a variante delta provoca mais mortes, contudo, o Reino Unido afirmou que "as primeiras evidências da Inglaterra e da Escócia sugerem que pode haver um risco aumentado de hospitalização".

E a vacina?
Especialistas apontam que a delta é capaz de infectar pessoas que foram totalmente vacinadas, ou seja, que tomaram as duas doses da vacina. Os imunizantes atualmente aplicados não são capazes de impedir a infecção; eles apenas têm efetividade na prevenção de casos graves e óbitos provocados pelo vírus.

Uma pesquisa, assinada por pesquisadores do sistema de saúde do Reino Unido, da Universidade de Oxford e do Imperial College London, aponta que a eficácia da primeira dose das vacinas da Pfizer/BioNTech e da AstraZeneca é de 30,7% contra a variante delta — com uma variação de 25,2% a 35,7%.

Com as duas doses, conforme o estudo, as taxas dos dois imunizantes duplicam e, em alguns casos, quase triplicam contra a delta. No caso da AstraZeneca, a eficácia chega a 67%, com resultados entre 61,3% a 71,8%. No caso da Pfizer/BioNTech, o mesmo índice chega a 88%, com variação entre 85,3% a 90,1%.

Sintomas
De acordo com o estudo Zoe Covid Symptom, no Reino Unido, o sintoma mais comum da Covid por variante delta é a dor de cabeça. Em seguida, vêm dor de garganta, coriza (nariz escorrendo) e febre. Alguns sintomas que eram mais comuns na versão original do coronavírus são menos na infecção pela delta.

O estudo aponta que, nessa nova forma do vírus, não há tantas ocorrências de tosse ou de perda de paladar e olfato.

Fonte: G1 CE

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