As aglomerações e festas clandestinas estão entre as principais irregularidades. Foto: Divulgação/Polícia

A cada hora, são registradas, em média, 6 ocorrências por descumprimento das medidas sanitárias impostas pelo governo do Estado visando o combate à pandemia da Covid-19.

Conforme dados obtidos com exclusividade pelo Diário do Nordeste, do dia 1º de janeiro a 12 de setembro deste ano, a Polícia já atendeu 39.099 ocorrências, o que confere média diária de 153,9 registros, ou 6,4 a cada 60 minutos.

As principais irregularidades dizem respeito à aglomeração e ao não uso da máscara individual de proteção. O equipamento é obrigatório em todo o território cearense.

Os dados são da Gerência de Estatística e Geoprocessamento (Geesp) da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) do Ceará. 

O alto número de ocorrências diárias, abriga um perigo oculto. Apesar de a pandemia apresentar significativa queda em seus indicadores, com casos, mortes e internações em baixa no Ceará, o médico infectologista Ivo Castelo Branco ressalta que o vírus ainda está "circulando entre nós". Para ele, relaxar com os cuidados pode "fazer com que os casos voltem a crescer".

O agravante, conforme pontua o especialista, são as cepas que seguem se multiplicando. Nesta quarta-feira (15), o Ceará confirmou os primeiros casos de variante Mu (ou B.1.621) do coronavírus.

A variante é monitorada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e, dentre os alertas relacionados a ela estão os sinais de uma possível resistência às vacinas, muito embora ainda não haja estudos que comprovem essa tesa.

A variante Delta do coronavírus, mutação de maior preocupação no mundo atualmente, também já foi identificada no Ceará. De acordo com a Secretaria da Saúde (Sesa) do Ceará, o Estado já registra 122 residentes ou visitantes com a variante.

Dentre os pacientes infectados, 39 não têm histórico de viagem, o que os classifica como transmissão comunitária. Um óbito foi registrado. 

Mesmo que a vacinação esteja avançando, é preciso conscientizar a população quanto à importância de seguir adotando todos os cuidados, mesmo àqueles que já tomaram as duas doses.
Ivo Castelo Branco
Infectologista

NÚMEROS JÁ SUPERAM A SOMA DE 2020
A quantidade de ocorrências registradas neste ano - isto é, em 254 dias, contando até o dia 12 de setembro - já é superior à soma dos registros contabilizados entre 20 de março e 31 de dezembro do ano passado - 286 dias.

Em 2021, a polícia atendeu 37.606 ocorrências por desrespeito aos decretos, o que confere média diária de 131,48 ante 153,9 registros por dia em 2021.

Segundo a Polícia, durante o atendimento das ocorrências, "os profissionais dialogam sobre a necessidade do cumprimento ao decreto estadual. Caso haja desrespeito, os envolvidos são conduzidos à delegacia onde assinam um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO)".

O número de vezes que o desdobramento dessas ocorrências foi parar na Delegacia também cresceu em 2021 na comparação com o ano passado.

Em 2020, de março a dezembro, foram 721 Termos Circunstanciados de Ocorrência com base no artigo 268 do Código Penal, por descumprimento aos decretos municipais e estaduais de combate à Covid-19. Já neste ano, a Polícia soma 883 TCOs com base no mesmo artigo.

O Termo Circunstanciado de Ocorrência é assinado por quem infringe determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa.

O Diário do Nordeste questionou à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS) quais cidades e regiões concentram o maior número de ocorrências por descumprimento aos decretos, no entanto, não houve retorno até a publicação desta matéria. 

DENÚNCIAS
A população pode colaborar com denúncias, por meio dos canais dos órgãos de fiscalização, sobre os locais onde ocorrem aglomerações e o descumprimento do decreto estadual. A polícia garante o sigilo da informação.

OS CASOS PODEM SER REPORTADOS POR MEIO DOS TELEFONES:
Vigilância Sanitária do Estado do Ceará e Central da Plataforma Ceará Transparente: 150, 3252-2155, 3252-1571 e 3252-1587;
Ouvidoria Geral do SUS e Ministério da Saúde: 136;
Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE):  127 ou 0800.28.11.553 ;
Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS): 190

Fonte: Diário do Nordeste

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