Vírus pode ser transmitido por morcego frugívoro. Foto: Shutterstock

Muito mais mortal do que o coronavírus Sars-CoV-2, o vírus Nipah está causando preocupação nas autoridades indianas depois que foi registrada, na madrugada do último domingo (5 de setembro), a morte de um menino de 12 anos, infectado no estado de Kerala.

O garoto estava hospitalizado há uma semana com febre alta, mas sua condição piorou conforme ele apresentou sinais de encefalite, uma inflamação e inchaço no cérebro. Antes de morrer, o jovem entrou em contato com 188 pessoas, sendo que 20 delas eram de alto risco, segundo o portal CBS News, dos Estados Unidos.

Todos aqueles que estiveram próximos ao menino passam agora por quarentena ou estão hospitalizados. Dois profissionais de saúde que entraram em contato com o garoto apresentaram sintomas da infecção por Nipah na segunda-feira (6) e suas amostras de sangue foram enviadas para teste. 

Potencial pandêmico

As autoridades sanitárias alertam que o Nipah pode causar uma pandemia, embora sua disseminação nunca tenha chegado em nível pandêmico desde que o vírus foi descoberto em 1999. O agente infeccioso está na lista da Organização Mundial de Saúde (OMS) de doenças e patógenos priorizados para pesquisa e desenvolvimento em contextos de emergência.

De acordo com a OMS, o Nipah apresenta taxa de letalidade de 40% a 75%, que varia conforme o surto. A infecção pelo vírus gera febre, dor de cabeça, dor muscular, vômito e dor de garganta. Isso pode ser seguido de tonturas, sonolência, alteração da consciência e sinais neurológicos atrelados a encefalite aguda. Algumas pessoas também podem ter pneumonia e problemas respiratórios graves.

O vírus Nipah não é tão transmissível quanto o Sars-CoV-2, mas surtos anteriores já mostraram que ele pode se espalhar entre humanos com bastante rapidez. A proximidade entre morcegos e pessoas em mercados e locais lotados da Ásia apresentam um sério risco em termos de contágio.

"Esse tipo de exposição pode permitir a mutação do vírus, o que pode causar uma pandemia", alertou Veasna Duong, chefe de virologia do laboratório de pesquisa do Instituto Pasteur, no Camboja, à rede britânica BBC, em janeiro.

Transmissão

O vírus Nipah é zoonótico, o que significa que ele é transmitido entre pessoas (contato direto e fluídos corporais) ou de animais para humanos. Porcos e morcegos frugívoros Pteropodidae são os principais vetores conhecidos, mas durante o primeiro surto de Nipah, em 1999, na Malásia, foram infectados inclusive cavalos, cabras, ovelhas, gatos e cães.

Acredita-se que a transmissão tenha ocorrido na ocasião devido à exposição às secreções dos porcos ou ao contato com o tecido dos animais doentes. Em surtos subsequentes em Bangladesh e na Índia, o consumo de frutas e sucos contaminados com urina ou saliva de morcegos frugívoros infectados foi a fonte mais provável de infecção, segundo a OMS.

Não existe ainda medicamentos ou vacinas para a infecção pelo vírus Nipah. O que se faz é tomar cuidados intensivos com os pacientes em casos de complicações respiratórias e neurológicas graves. Também são importantes os cuidados preventivos, como distanciamento social, uso de máscara facial, higiene das mãos e desinfecção de superfícies e alimentos.

Fonte: Revista Galileu

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