Mariana Bueno antes e depois de doar os cabelos, pela segunda vez, em 2021. Foto: Arquivo pessoal

As cearenses Dhebora Sales e Mariana Bueno aproveitaram as campanhas de Outubro Rosa para cortar e doar mechas do próprio cabelo, ação que pode impactar positivamente na autoestima de incontáveis pacientes com câncer. O mês alusivo reúne diversas ações sobre prevenção e diagnóstico precoce dos cânceres de mama e colo do útero.

“Eu me sinto ótima doando meu cabelo, de verdade eu adoro fazer isso. Eu sigo as associações que lidam isso, e ver isso tomando forma, ver felizes as pessoas que precisam, também me deixa muito feliz. Eu faço porque gosto de ajudar, enquanto puder manter o hábito, vou manter”, declara Mariana Bueno, estudante universitária.

Mariana cortou e doou parte do próprio cabelo pela segunda vez em 2021. A primeira ocasião, em 2018, foi em uma ação do Hospital Geral Waldemar Alcântara (HGWA), enquanto a segunda foi em um salão de beleza que estava direcionando para o Hospital Peter Pan, ambas em campanhas do mês alusivo.

"Eu já tinha vontade, mas não sabia como funcionava, aí vi nas redes sociais a campanha do hospital e pensei nisso. Daí depois a minha mãe viu e falou que me levaria lá, foi quando eu decidi", relembra Mariana.

Após doar pela primeira vez, Mariana manteve a decisão de fazer novas contribuições, e aguardou três anos por isto. “Eu fiquei sem cortar porque eu já queria doar novamente, mas tinha de esperar o cabelo crescer bastante, então eu só consegui doar de novo neste ano porque meu cabelo estava do tamanho certo”, destaca a universitária. O tamanho mínimo para a doação é 15 centímetros.

“O hospital não confecciona perucas, a gente age como um grupo, instituição apoiadora. Nós captamos as doações, e encaminhamos para a instituição que faz as perucas, que depois mandam para os hospitais que fazem tratamento oncológico”, explica Djane Filizola, gerente do Núcleo de Segurança e Qualidade do Hospital HGWA.

Ela comenta que as doações de perucas impactam de maneira significativa na vida e autoestima dos pacientes com câncer, especialmente das mulheres.

“Quando elas recebem a peruca, você trabalha a autoestima dessas pessoas, porque elas já passam por um tratamento doloroso tanto do ponto de vista físico, quanto psicológico. É uma ajuda para aumentar o ânimo, a sensação de alegria, o autocuidado e a vontade de viver. A gente considera fundamental nesse processo devolver a sensação de dignidade, de pertencimento à sociedade”, destaca a gerente.

Corrente de doações
Dhebora Sales, tecnóloga em gestão desportiva, também carregou por três anos a vontade de doar o cabelo. Ela revela que o sentimento surgiu após ver outras pessoas contribuindo e compartilhando nas redes sociais. “Eu queria ter doado em 2020, mas veio a pandemia”, lembra Dhebora.

“Foi como uma corrente, acabei vendo nas redes sociais pessoas próximas doando. Então, desde 2017 para cá, vi vários amigos e amigas doando e pensei 'poxa, posso fazer isso também'. Então, deixei de cortar o meu cabelo em 2018, já com a intenção de doar”, explica a tecnóloga.

Com isto, ela passou a fazer várias pesquisas sobre a doação, inclusive com amigos, sobre quantos centímetros eram necessários, onde fornecer o cabelo e outras questões pertinentes. A possibilidade de ajudar pessoas, especialmente pacientes de câncer, ganhou um motivo ainda mais pessoal para Dhebora.

“Em 2019, meu pai descobriu que estava com câncer. De imediato, ele já teve de fazer uma cirurgia. E aí veio a pandemia, com esse vírus desconhecido. No pico da pandemia, em maio, foi feita outra cirurgia. Então, foi uma luta contra o câncer e na proteção contra a Covid-19”, disse Dhebora.

O pai dela fez 35 radioterapias, sendo a última em outubro de 2021, e recebeu o diagnóstico de cura no mesmo mês em que ela doou o cabelo. Dhebora gosta de reforçar também que não há restrições de tipos na doação de cabelo, que pode ser cacheado, liso, pintado ou que tenha passado por algum processo químico.

“Qualquer cabelo pode ser doado, pode ter química, não tem problema. A única exigência feita é que o cabelo esteja limpo e seco no momento do corte, e tem de ser cortado, no mínimo, 15 centímetros [de comprimento]. As peruqueiras precisam desse mínimo para tecer a peruca”, reforça Djane Filizola.

Fonte: G1 CE

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