Por: Jornalista Francisco Demontier Tenório

O empresário do ramo de calçados, confecções, hotelaria e imobiliário, Geneflides Tenório de Oliveira, morreu por volta das 19 horas deste sábado (16 de outubro), num dos hospitais de Recife, aos 59 anos. Ele nasceu em Juazeiro do Norte no dia 6 de dezembro de 1961 e o corpo será velado por algumas horas no Centro de Velório Anjo da Guarda, antes de seguir para o sepultamento em Petrolina (PE). Gené – como era conhecido – vinha se tratando há alguns anos de problemas no fígado e intestino.

O mesmo possuía lojas de calçados e confecções nos municípios de Juazeiro do Norte, Crato, Petrolina e Juazeiro (BA), além do Águas Pallace Hotel, em Petrolina, e loteamentos em Crato e Juazeiro. Dentre algumas homenagens que lhe foram prestadas, recebeu o título de cidadão honorário de Petrolina e o Troféu Joazeiro Empresarial outorgado pela Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Juazeiro no dia 6 de dezembro de 2012 como lojista daquele ano, no dia em que completava 51 anos.

Naquele dia, dedicou o troféu à sua mãe Antonia Tenório de Oliveira, considerando a mesma como uma das grandes incentivadoras para o ramo de calçados, atividade que até hoje ela desenvolve numa loja na Rua São Luiz, no Centro de Juazeiro. A rede Ceará Magazine chegou a contar com cerca de dez lojas entre os estados do Pernambuco, Bahia e Ceará. Já o Hotel no centro de Petrolina começou com 36 e ampliou sua capacidade para 60 apartamentos com mirantes para a Catedral e o Rio São Francisco.

Mas tudo isso representou uma longa história de lutas que começou com o incêndio do Mercado Central de Juazeiro em dezembro de 1974. Geneflides era adolescente e já dividia atenções entre os negócios e a sala de aula. Todavia, seu apelo foi maior na direção dos negócios demonstrando tirocínio e grande versatilidade na condução destes. Uma pequena tabuleta com bijuterias perto do mercantil do seu já falecido pai, Francisco Cândido de Oliveira, no interior do mercado foi o começo.

Depois, surgiu o caminho das feiras e Gené não pensou duas vezes em tomar as estradas rumo a cidades diversas do Cariri. Nisso, a quantidade de tabuletas foi crescendo, mas o fogo que destruiu o mercado também queimou todas elas enquanto chorava copiosamente ao ver tudo transformado em cinzas. A tristeza foi grande, mas o ânimo parecia ser bem maior quando o garotão de apenas 14 anos, levantou a cabeça e decidiu encarar o desafio de recomeçar tudo. “Perseverar sempre, desistir nunca”, dizia.

Dessa vez, o caminho foi os lixões quando Geneflides passou a percorrê-los em bairros diferentes de Juazeiro na busca de ferro e cobre para vender nas sucatarias numa tentativa de levantar capital. Como costumava recordar, foi muito difícil e logo veio o primeiro emprego dado pelo tio José Firmino Tenório ao ver a vontade e determinação do adolescente. Após uma temporada como cobrador de ônibus, passou a trabalhar de garçom numa lanchonete e, posteriormente, entregando feiras de um mercantil.

A experiência dos empregos valeu, mas o garoto guardava a obstinação pelo próprio negócio. No ano de 1979, concluiu o curso de eletricidade no SENAI, mas optou por interromper os estudos, a fim de ter mais tempo para se dedicar ao que mais queria. Os pais: Seu Chico e Dona Toinha, eram feirantes e ele decidiu seguir o mesmo rumo, porém como ajudante de um amigo.

Um dia, Geneflides foi ao encontro do empresário Tico Amorim das lojas Arca da Aliança para comprar calçados e colocar sua própria banca nas feiras livres. A princípio, o crédito lhe foi negado, mas ele não desistiu. Com o pouco dinheiro que tinha no bolso, comprou seis pares de uma sandália que jamais esqueceu o nome: “Karina” e logo vendeu tudo. Voltou alegre à Arca da Aliança e já foi comprando quase o dobro e conquistando o crédito antes negado.

O empresário Tico Amorim terminou se tornando grande incentivador e paradigma para Geneflides. Os 20 anos do obstinado garoto batiam à porta e o entusiasmo era cada vez maior percorrendo as feiras enquanto aumentava estoque e capital. Foi quando decidiu expor calçados em tabuletas nas portas dos prédios comerciais fechados ao longo da Rua São Pedro no centro de Juazeiro. Seu primeiro estabelecimento não tinha mais que cinco metros quadrados numa espécie de quartinho na Rua São Pedro.

O segundo não demorou e já era bem maior na entrada do antigo Mercado César Cals, hoje Centro de Cultura Mestre Noza quando retirou sua mãe das feiras e repassou o prédio para a mesma antes de ir embora para Petrolina. A ida para o Pernambuco foi no dia consagrado à São José mais precisamente no dia 19 de março de 1982 num velho Fiat 147 levando calçados e qual não foi a surpresa ao vender todos.

Ali podia ser chamado de “amor à primeira vista”, mas terminou expulso da atividade ambulante que exercia numa das ruas do centro pela Prefeitura de Petrolina pressionada pelos comerciantes estabelecidos. Todavia, o conterrâneo Valdeir Pereira se revoltou com a expulsão e cedeu uma pequena parte da sua loja no ano de 1984 para que Gené pudesse se instalar. Cinco anos depois, inaugurou seu primeiro prédio próprio naquela cidade e já com quatro andares.

Depois vieram outros naquele município, cuja Câmara de Vereadores lhe outorgou o título de cidadão petrolinense no dia 14 de novembro de 2007. O autor da comenda foi o vereador Deílson Freire Mororó, conforme disse, em reconhecimento aos serviços prestados pelo empresário cearense no desenvolvimento de Petrolina. O então prefeito Odacir Amorim participou da solenidade comandada pelo presidente da Câmara, Paulo Afonso de Souza.

No seu discurso, disse ser importante para Petrolina a presença de um homem como Geneflides ao servir de verdadeiro exemplo de obstinação. Já o presidente da Câmara definiu o empresário juazeirense como um parceiro de Petrolina desde 1983. “É uma pessoa simples que cresceu muito com o seu trabalho e, hoje, orgulha nossa cidade gerando emprego e renda. Geneflides se manteve por lá e, há 25 anos, decidiu retomar investimentos em Juazeiro inaugurando aqui a primeira filial da Ceará Magazine.

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