A alta no preço das rações é motivada pelo aumento nos custos de matéria prima Foto: Kid Júnior/ SVM

O aumento no preço dos alimentos também chegou aos animais de estimação. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), as rações tiveram alta entre 25% e 30% em 2021 a depender de espécie e marca.  

A projeção da Abinpet é que o setor tenha aumento de 25,5% no faturamento neste ano. Mas, conforme o presidente da associação, José Edson Galvão de França, mesmo com o crescimento, as empresas estão absorvendo grande parte dos aumentos dos custos de produção da indústria.

Ele afirma que houve aumento de 55% nas matérias-primas de origem vegetal, como milho, soja, arroz e trigo, entre 2020 e 2021. O custo é ainda maior para as matérias-primas de origem animal, como carnes, óleos, gorduras e farinhas provenientes de aves, suínos e bovinos: a alta chegou a 160%. 

“Está absorvendo para poder manter o mercado aquecido. Se repassar tudo com essa crise 'danada' de poder de compra, a maioria dos tutores não consegue absorver”, diz. 

IMPACTO NO ORÇAMENTO
A ração das cachorrinhas Sofia e Alice está pesando no orçamento do estudante Iago Caliari, 25. O tutor conta que sentiu o aumento no preço da ração sobretudo no final do ano passado e no começo deste ano.

"Minha cachorra Sofia tem problema de alergia, então a gente tem que dar uma ração específica para pele sensível. Essa ração especificamente aumentou muito, a gente pagava R$ 200, R$ 210 e hoje em dia a ração está saindo por R$ 260, foi um aumento de mais de 40 reais na ração e entra bastante no orçamento, mais do que eu esperava", diz.

Segundo ele, um pacote de seis quilos dura em média três semanas para alimentar as duas pets. Apesar dos custos, ele não mudou o consumo devido às necessidades especiais de Sofia.

"Eu basicamente engoli o choro no bolso e continuei com a ração pelo bem dela, porque já está acostumado e trocar de ração é bem complicado", lamenta.

AUMENTO NO SETOR 
O presidente da Abinpet destaca que o setor teve um ganho de faturamento na pandemia em razão da maior busca pelos produtos pet. Segundo ele, com o isolamento social, as pessoas passaram a adotar mais animais de estimação e a gastar mais com eles. 

Ao mesmo tempo, 2021 foi afetado pela baixa produção nas safras de milho, soja e de abate de animais. 

“Mas principalmente nos vegetais teve problemas climáticos de chuva, diminuindo as safras. Com essa diminuição, se faltou, o preço aumenta. A gente está achando que para 2022 deve-se normalizar a situação de safra”, considera. 

Segundo José Edson, o custo das matérias-primas pesa mais no setor de pets do que em rações para suínos, aves e bovinos devido à carga tributária. As operações com esse tipo de produto especificamente incorrem substituição tributária, que pode chegar a até 63,59% a depender da alíquota interestadual. 

“A gente está acostumado com a matéria-prima em dólar, mas como o imposto é muito alto a gente tem um agravamento”, diz. 

CUIDADO COM A SAÚDE DO ANIMAL 
Apesar do aumento das rações, o tutor deve tomar cuidado ao tentar economizar na alimentação do animal. A veterinária Liza Granja afirma que baixar a qualidade da ração oferecida pode trazer problemas de saúde para o pet. 

Ela explica que existem rações que variam no grau de qualidade dos ingredientes: super premium, premium e standart, sendo a última mais barata e facilmente encontrada nos supermercados.

Pode ser uma opção baixar o nível do alimento de super premium para premium para economizar, mas a veterinária não indica descer da premium para a standart.  

Eu evitaria baixar muito a qualidade da ração e fatalmente lá na frente ter que pagar o preço por isso. Baixando a qualidade da ração a gente inevitavelmente vai baixar a qualidade de alimento, interfere na saúde, na imunidade, faz com que ele esteja mais predisposto a doenças
LIZA GRANJA
veterinária

Uma alternativa para gastar menos com a ração do pet é enriquecer a alimentação com legumes e frutas frescos e/ou oferecer petiscos caseiros, que podem corresponder a 10% do consumo diário do animal. 

A profissional indica cautela a quem queira substituir a ração por comida “de gente”. Alguns alimentos que fazem parte da alimentação cotidiana de humanos, como cebola e alho, por exemplo, podem fazer mal aos pets e não são recomendados.  

“Sou a favor da alimentação natural, mas tem que ser uma alimentação voltada para aquele pet. É possível, qualquer pessoa pode cozinhar um alimento para seu cão ou para seu gato, mas tem que ser suplementada em bem orientada. Existem proporções de proteínas, carboidratos, vegetais. Tem que buscar uma ajuda profissional para essa dieta ser adequada. A alimentação natural como a gente costuma dizer é uma opção, nem sempre é uma opção economicamente mais favorável”, resume. 

Na hora da escolha da ração, Liza indica evitar alimentos com transgênicos e/ou corantes artificiais. Outra dica é checar se na composição da ração há carne mecanicamente separada ou apenas farinha de vísceras.

“Uma ração de boa qualidade pode até ter farinha de vísceras, mas sempre vai ter carne mecanicamente separada. Se for uma ração muito boa vai ter só carne”, recomenda. 

DICAS PARA ECONOMIZAR 
Evite comprar rações a granel. Apesar de normalmente mais baratas, não há como garantir boas condições de armazenamento e o alimento pode acabar exposto a insetos e larvas que prejudicam a saúde do animal.

Busque comprar a ração em estabelecimentos especializados e busque programas de descontos ou pontos para economizar. 

Invista em petiscos caseiros. A veterinária indica biscoitos a base de aveia e banana, que podem ser feitos no forno.

Acrescente na dieta do animal vegetais como brócolis, pepino, chuchu, batata doce e inhame para aumentar a saciedade.

Fonte: Diário do Nordeste

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