Levantar para trabalhar cedo, primeiro que o sol, é inimaginável para muitos. Bater o ponto às 5h, iniciando uma manhã agitada antes mesmo do café, mais ainda. Para a repórter Marina Alves, 32, porém, tudo isso é sinônimo de saudade.

Desde que iniciou o tratamento contra o câncer, em agosto deste ano, a jornalista teve a rotina totalmente modificada: mudou da correria ao repouso, das ruas ao hospital, das multidões ao isolamento. 

Ao especial “Eu tenho um sonho”, que conta histórias de quem mantém a crença no futuro apesar dos tempos, Marina revela viver, principalmente agora, “um sonho por vez”; mas reconhece que a realização de cada um dos desejos depende de um maior: “que a doença desapareça do corpo”.

“Quando estiver sem doença, vou começar a sonhar com meu doador de medula. Depois do transplante, começo a sonhar com a minha cura. Curada, vou sonhar com a volta da minha rotina tão amada. São vários sonhos que me levam a um só: voltar pra minha vida de antes”, sentencia.

Neste mês, a repórter da TV Verdes Mares iniciou um novo protocolo de tratamento contra o linfoma, retardando um pouco mais a meta de estar integrada à rotina saudosa de novo. 

“Não é todo dia que consigo manter a força, a autoestima. Não é. Tem dia que bate a tristeza, choro um pouquinho, e isso é normal. Sou ser humano. O importante é viver isso e, no dia seguinte, estar pronta pra batalha de novo”, anima-se.

Antes do novo tratamento, Marina permanecia internada por cerca de 21 dias, e aproveitava uma semana do mês em casa. Agora, cada ciclo dura em média 29 dias. “É rojão”, ela brinca. Pela matemática do tempo, a jornalista teria o Natal em família subtraído de si – mas nas contas do afeto, felizmente, só há soma.

"Eu já sabia que passaria internada, então nós antecipamos o Natal lá em casa, fizemos terça-feira passada (dia 14 de dezembro). Fizemos uma ceia, rezamos, reunimos meus pais, meu filho e toda a família."

O ano atípico e desafiador, bem como o convite para falar de sonhos aqui, fizeram Marina refletir que “nunca teve um único sonho grandioso, e sim grandes desejos”. Até hoje, nenhum ficou sem realizar.

“Na área profissional foi que mais tive sonhos. Sonhava em ser repórter de rua, e me tornei. Meu sonho era experimentar tudo na minha área, e fiz de tudo um pouco. Como repórter, queria muito aparecer em rede nacional, e fiz matéria pro próprio Jornal Nacional”, elenca na lista perene de metas.

Além do desejo grandioso de ficar curada do câncer e encontrar um doador de medula óssea compatível, Marina coleciona vontades antes pequenas – e, agora, moldadas em forma de sonhos imensos.

"Quero fazer de novo as coisas simples: tomar banho de mar, passar mais tempo com meu filho, fazer reuniões de família. Mas pra isso, preciso realizar um sonho por vez."

Como se cadastrar para doar medula óssea
Durante o tempo no hospital e sem poder receber visitas, Marina Alves tem recorrido às redes sociais para interagir com o público que, antes, a via na TV. E isso a fortalece.

“Recebo muitas mensagens lindas todos os dias, de gente que troca experiências, diz que se inspira em mim. Tenho conhecido doadores que me enchem de esperança. Isso também também faz bem”, sorri.

Quem deseja se cadastrar como potencial doador de medula óssea deve buscar um dos postos do Hemoce: a sede, no bairro Rodolfo Teófilo; ou nos demais postos de atendimento do órgão, no IJF, na Praça das Flores ou no Shopping RioMar Fortaleza. Além do interior.

Os requisitos são: ter entre 18 e 35 anos, não ter tido câncer e apresentar documento de identidade.

Ao realizar o cadastro, será recolhida uma amostra do sangue do candidato para verificar a compatibilidade com os pacientes que estão aguardando um transplante. O registro é nacional, e o voluntário pode ser chamado para doar para qualquer paciente do Brasil.

Fonte: Diário do Nordeste

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