Manchas de óleo aparecem em praia de Caucaia, na Grande Fortaleza, litoral oeste do Ceará. Foto: Arquivo pessoal

As manchas de óleo vistas inicialmente na praia de Canoa Quebrada, em Aracati, no fim do mês de janeiro deste ano, já foram observadas em 33 praias de nove dos 20 municípios cearenses costeiros. Pesquisadores ainda tentam descobrir o que provocou o derramamento, mas já descartaram hipóteses como resquícios do desastre ambiental de 2019 e relação com a erupção do vulcão em Tonga.

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) reuniu gestores municipais, órgãos que fazem o monitoramento da costa cearense, como a Marinha e o Ibama, além de pesquisadores para realizarem a observação das praias que apresentem vestígios oleosos.

1. Onde já foi registrada a presença de óleo
A presença de manchas de óleo já foi observada e confirmada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) em praias de nove dos 20 municípios cearenses que têm contato com o mar. Os primeiros vestígios foram vistos na Praia de Canoa Quebrada, em Aracati, no dia 25 de janeiro.

Desde então, foram confirmados vestígios em toda a extensão do litoral leste do Ceará, com exceção do município de Icapuí.

Na terça-feira (8), houve a primeira aparição na porção oeste da capital, na praia de Cumbuco, em Caucaia. Nesta quarta-feira (9), a Sema confirmou vestígios oleosos nas praias da Leste Oeste, em Fortaleza; Taíba, em São Gonçalo do Amarante; além das praias de Quebra Mar, Pau Enfincado e Vapor, em Paracuru.

Veja quais praias e municípios já têm registro de manchas de óleo:

Litoral Leste
Aracati – Cumbe, Canoa Quebrada, Majorlândia, Quixaba e Lagoa do Mato;
Fortim – Praia Canoé e Praia do Forte;
Beberibe – Praia do Parajuru e Prainha do Canto Verde;
Cascavel – Barra Nova, Barra Velha, Águas Belas e Caponga;

Fortaleza e Região Metropolitana
Aquiraz – Porto das Dunas, Japão, Prainha, Marambaia, Praia Bela, Praia do Presídio, Praia do Iguape, Praia do Barro Preto e Praia do Batoque;
Fortaleza – Praia da Abreulândia, Sabiaguaba, Praia do Futuro e Praia da Leste Oeste;
Caucaia – Praia do Cumbuco;
São Gonçalo do Amarante – Praia da Taiba, Pecém e Barramar;

Litoral oeste
Paracuru – Praia do Quebra Mar, Praia Pau Enfincado e Praia do Vapor.

2. O que provocou o fenômeno
Análises de pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar/UFC) e do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (IGEO/UFBA), em parceria com a Universidade Estadual do Ceará (Uece) e do Ibama concluíram que as manchas não têm relação com o tsunami ocorrido em Tonga, após erupção de vulcão marinho em 15 de janeiro, e nem com resquícios do material encontrado em várias praias do Nordeste em 2019.

Enquanto o óleo de 2019 tinha marcadores característicos de petróleo venezuelano, o verificado na costa cearense se relaciona com amostras de petróleo originados de matéria orgânica marinha, que podem ser encontrados em algumas bacias da margem continental do Brasil.

A origem das manchas está sendo investigada, e três hipóteses são apontadas pelos especialistas:

Petróleo expelido do fundo do mar, em função de existência de um sistema petrolífero semelhante ao da Bacia de Sergipe, ainda não perfurado, mas localizado em águas profundas nas bacias do Ceará e Potiguar;
Acidente, fruto de perfuração em processo de exploração/produção, por Companhia Petrolífera concessionária, offshore, sendo o óleo proveniente desse sistema petrolífero;
Acidente provocado por navio em procedimento de transporte de óleo de natureza geológica das manchas encontradas.
Para as três possibilidades apresentadas, o óleo teria sido levado ao litoral cearense por meio de fenômenos do oceano.

3. Problemas que manchas podem causar
De acordo com a bióloga Alice Frota, integrante do Coletivo Verdeluz, as manchas de óleo são tóxicas e põem em risco a vida marinha. "Esse petróleo é tóxico e pode contaminar os ninhos. Caso encontre um animal vivo, encalhado, não retorne esse animal para o mar, ele já veio já se afogando, então ele está debilitado, mesmo aparentando estar bem", analisa.

Ainda não há registros de problemas de saúde em banhistas registrados no Ceará em decorrência do óleo.

O professor e pesquisador da Universidade Federal do Ceará (UFC) Rivelino Cavalcante considera que, visualmente, o material parece ser antigo, por conta de características físicas apresentadas nos últimos registros.

“Ele tem o mesmo comportamento de um material novo. A hipótese mais provável é que ele seja mais antigo, mas esse comportamento é de novos lançamentos. Ou então, esse local está se concentrando em outro local que não seja na plataforma do estado do Ceará e, com esse evento, ele vem sendo transportado de leste para oeste”, complementa o professor.

4. O que vem sendo feito
A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) criou um grupo de trabalho com gestores municipais, cientistas e órgãos de monitoramento e ambientalistas para identificar os locais de forma rápida e coordenar as atividades de investigação e de limpeza.

As praias que estão apresentando vestígios oleosos estão sendo limpas pelas prefeituras, que recolhe o material e o encaminha para a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). O que for reunido é encaminhado à Companhia de Cimento Apodi.

Fonte: g1 CE

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