Da esquerda para direita: Maria Alacoque/ Foto: Reprodução, Amália Xavier/ Foto: Reprodução,Violeta Arraes / Foto: reprodução, Socorro Luna, Foto: Normando Sóracles, Maria Araújo/Foto: Reprodução, Rosiane Limaverde / Foto: Reprodução, Annette Dumoulin/ Foto: Divulgação/Diocese do Crato, Verônica Carvalho/ Foto: divulgação, Mestra Edite / Foto: Jaque Rodrigues,Beata Mocinha / Foto: Reprodução

Apesar do “8 de março” ter sido transformado em uma data comercial, com presentes voltados para o lar e rosas vermelhas como felicitações, sentimos as marcas das nossas histórias, como mulheres, serem atravessadas por mais um ano de luta pelos direitos básicos e, acima de tudo, pelo direito ao respeito. Não somos fáceis porque somos pobres, e nos recusamos ao rótulo de ‘apenas um corpo’.

Enquanto visualizamos os caminhos percorridos, esbarramos nas narrativas anteriores de mulheres determinadas e que fizeram parte da mudança. Nesta edição do Dia Internacional da Mulher, relembramos 10 personalidades emblemáticas da região do Cariri e outras, naturalizadas Caririenses através do seu trabalho.

ANNETTE DUMOULIN

Conhecida como madrinha dos romeiros, Annette Dumoulin é de origem Belga e chegou ao Brasil ainda na década de 70. Na periferia de Recife, enquanto pesquisava e estudava as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), descobriu o Padre Cícero Romão Batista. A grande devoção fez com que ela viesse para o Cariri, onde fincou raízes e contribuiu com as atividades religiosas, pesquisas e artigos, além de ficar marcada na história do município com a entoação de cânticos e benditos durante a celebração da “Missa do Chapéu”. Annette faleceu aos 85 anos, no dia 25 de maio de 2021, em decorrência de um desconforto no pâncreas e fígado.

BEATA MOCINHA

Joana Tertúlia de Jesus, natural de Jaguaribe, chegou a Juazeiro do Norte com a mãe adotiva D. Naninha e seu esposo, João Mota. O casal não permaneceu no município e Joana ficou sob os cuidados de Padre Cícero. Anos depois, os dois fundaram o Orfanato Jesus Maria José. Sendo a primeira diretora da instituição, Joana permaneceu no posto até a entrega do Orfanato à congregação das Filhas de Santa Teresa. A Beata Mocinha faleceu no dia 20 de abril de 1944, aos 80 anos, em Juazeiro do Norte.

MARIA DE ARAÚJO

Maria Madalena do Espírito Santo de Araújo, natural de Juazeiro do Norte, era analfabeta e costureira de profissão. Perdeu os pais ainda jovem e foi morar na casa do Padre Cícero. Protagonizou um dos fenômenos milagrosos mais conhecidos da cidade, a transformação da Hóstia Consagrada em sangue em sua boca. O evento fez com que multidões viessem de todos os cantos do país para presenciar o milagre. A Beata Maria de Araújo faleceu no dia 17 de janeiro de 1914, em Juazeiro do Norte. Após ser sepultada, teve seus restos mortais furtados, e o paradeiro é desconhecido até hoje.

ALACOQUE BEZERRA

Maria Alacoque foi a primeira mulher no Nordeste a ocupar um cargo no Legislativo. Eleita senadora suplente em 1989, Alacoque teve mais de 1 milhão de votos e durante o tempo que esteve na Assembleia, propôs projetos na área pela qual lutava, a Educação. Formada na antiga Faculdade de Filosofia do Crato, foi professora e diretora do Grupo Escolar Padre Cícero da Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte, e foi delegada regional da Secretaria de Educação do Ceará. Maria Alacoque faleceu no dia 17 de dezembro de 2012, em Fortaleza.

AMÁLIA XAVIER

Natural de Juazeiro do Norte, Amália foi uma das mulheres que desenvolveu um papel relevante no cenário pedagógico. Sendo a primeira educadora do município, teve participação efetiva na fundação e desenvolvimento da Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte. Escreveu livros sobre o Padre Cícero e sobre a história do município. Amália morreu no dia 5 de dezembro de 1984, em decorrência de uma infecção generalizada.

VIOLETA ARRAES

Embaixadora dos exilados em Paris durante a ditadura militar, Violeta foi uma socióloga, psicanalista e ativista política. Natural de Araripe, é considerada até hoje a madrinha dos artistas. Violeta foi escolhida em 1979, pelo então governador do Ceará, Tasso Jereissati, para assumir a Secretaria de Cultura do Estado (Secult). Em 1999, foi escolhida novamente para um cargo de prestígio, desta vez como reitora da Universidade Regional do Cariri (URCA). Violeta foi diagnosticada com câncer de pulmão e faleceu em 17 de julho de 2008, no Rio de Janeiro.

ROSIANE LIMAVERDE

Natural de Crato, a arqueóloga de renome internacional, Rosiane Limaverde, contribuiu através de escavações e pesquisas, para a descoberta de fósseis, artefatos indígenas, catalogação e identificação de pinturas rupestres na região de Santana do Cariri. Foi uma das idealizadoras da Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri, em Nova Olinda, onde existe um grande acervo lítico, cerâmico e de utensílios do século XX. Além de receber crianças e adolescentes como protagonistas do espaço. Rosiane faleceu no dia 20 de março de 2017, aos 51 anos, em decorrência de um câncer no ovário.

MESTRA EDITE

Pernambucana, mas com raízes fincadas há mais de 50 anos na região do Cariri, a Mestra Edite fundou, ainda em 1979, o Grupo das Mulheres do Coco na cidade de Crato. Sendo a maioria das participantes agricultoras, as toadas são inspiradas nas histórias e vivências dessas mulheres. Em 2019, foi reconhecida como Mestre da Cultura pelo Governo do Ceará.

SOCORRO LUNA

A Solteirona de Barbalha é uma das personalidades mais conhecidas da região. Formada em Direito pela Universidade Regional do Cariri (URCA), Socorro Luna inaugurou a Noite das Solteironas ainda em 2006, durante a festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio. Tendo como carro chefe o chá casamenteiro, feito a partir da árvore escolhida para festa, a bebida promete um marido, ou uma esposa, em até um ano, o que já rendeu casamentos por toodo o país.

VERÔNICA CARVALHO

Bióloga de formação, Verônica Carvalho é uma das militantes históricas do movimento negro e de mulheres na região do Cariri. Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, em Crato, fundadora do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec) e membro da Cáritas Diocesana, a descendente de quilombolas, luta também pelo fim da violência e valorização da juventude.

Gostaria de finalizar esta matéria com inúmeras palavras de força para outras mulheres, mas os acontecimentos recentes me fizeram recorrer às palavras fundamentais da escritora Chimamanda Ngozi: “Qualquer um que entenda o que é o feminismo sabe que ele não busca divisão e, sim justiça. Ninguém que conhece a história do mundo pode dizer que as mulheres não foram excluídas. As mulheres foram excluídas porque eram mulheres”.

Fonte: Site Miséria

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