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| Fernando Barroso, professor da UFC e coordenador do Hemoce, no Ceará. Foto: Viktor Braga/UFC |
12/03/2022
Por Redação Gazeta do Cariri
O Estado do Ceará deverá iniciar, ainda este ano, um tratamento revolucionário que consiste em modificar células doentes fora do corpo para, em seguida, reinseri-las no paciente para que tratem o câncer. O equipamento de última geração que permite o chamado Projeto de Terapia Celular já foi adquirido pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (HEMOCE) e será utilizado em parceria com o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), da Universidade Federal do Ceará.
As doenças que poderão ser tratadas por meio do novo tratamento são o linfoma, a leucemia linfóide aguda e o mieloma múltiplo. “O projeto oferece um novo tratamento a pessoas que não têm mais alternativas de recuperação por meio de quimioterapia ou transplante de medula”, esclarece o Prof. Fernando Barroso, da Faculdade de Medicina. Ele é também o coordenador do Centro de Processamento Celular do HEMOCE, unidade que será responsável por desenvolver o tratamento.
A nova terapia é denominada CAR-T Cell. Este tratamento age em alvos específicos, usando células do paciente e não medicamentos sintéticos. O procedimento consiste em extrair do paciente as células de defesa – no caso, os linfócitos do tipo T– e moldá-las em laboratório. Esses linfócitos são os responsáveis por comandar a resposta do corpo aos vírus e ao câncer, mas eles podem perder a capacidade de “enxergar” células específicas da doença e destruí-las.
Portanto, em laboratório, os linfócitos são modificados por meio da inserção de um vetor viral em seu DNA, produzindo, assim, as chamadas células CAR-T. Ao serem inseridas no corpo, as CAR-T passam a atuar reprogramando as células do paciente contra a doença, ou seja, elas começam a matar as células doentes.
“É uma terapêutica nova e revolucionária. Ela já está estabelecida na Europa e nos Estados Unidos, mas, no Brasil, está iniciando agora”, explica o professor, acrescentando que a primeira terapia do tipo foi realizada em Ribeirão Preto, em São Paulo, há dois anos. “O Brasil está começando a desenvolver esses centros agora, e estamos entrando no início desse processo”, destaca.
O professor informa que essa alternativa diminui os custos de tratamentos semelhantes oferecidos pela indústria farmacêutica. “Quando você o compara com terapias feitas com drogas mais modernas, como a imunoterapia, esse tratamento é mais barato”, reforça.
A expectativa, adianta, é que ainda em 2022 possa ser iniciado o tratamento do primeiro paciente, a ser realizado no HEMOCE, com a parceria do hospital da UFC. No momento, o equipamento já adquirido está em processo de instalação. Após isso, será feita a etapa de validação e treinamento da equipe. Participa também da pesquisa do Car-T Cell, junto ao professor, a diretora do Hemoce, Dra. Luciana Carlos.
Nos últimos cinco anos, o Prof. Fernando Barroso dedicou-se a esse tratamento, tendo realizado treinamentos nos Estados Unidos e na Europa. Em 2017, submeteu o projeto do CAR-T Cell ao Conselho de Ética e agora o projeto começa a ser iniciado. ”Este tratamento é um grande avanço. É um projeto inovador e de grande ajuda para salvar vidas. Estou muito feliz, pois este é um grande ganho para o Ceará e para o Brasil”, comemora o professor.
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