Foto: FERNANDA BARROS

Taxa de desocupação do Ceará fica em 11% entre janeiro e março de 2022, com 3,6 milhões de cearenses fora da força de trabalho. Os dados fazem parte da divulgação trimestral da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta sexta-feira, 13 de maio.

Conforme a pesquisa, existem 7,4 milhões de pessoas com idade e condições aptas ao trabalho no Estado. Destas, apenas 3,8 milhões encontram-se dentro da força de trabalho, grupo que desenvolve algum tipo de atividade econômica, seja no mercado formal ou informal.

No Estado, 1,5 milhão de pessoas desenvolvem algum tipo de atividade econômica no setor privado. Destas, 846 mil trabalham com carteira assinada, o que representa apenas 25,53% do total de trabalhadores cearenses em atividade nos três primeiros meses do ano.

Antes da pandemia, no primeiro trimestre de 2020, o número de trabalhadores com carteira assinada no Ceará era de 965 mil, um ano depois, entre janeiro e março de 2021, chegou a 737 mil. Além disso, no dia 19 de abril, O Povo revelou com exclusividade que o Ceará registrou, em fevereiro deste ano, um número maior de dependentes do Auxílio Brasil do que de profissionais com carteira assinada.

Neste cenário, a taxa de ocupação da população em idade apta ao trabalho no Ceará é de 45,4%. Isso significa, que menos da metade daqueles em condições de trabalhar estão desenvolvendo algum tipo de atividade econômica. No comparativo com o trimestre imediatamente anterior, a taxa de desocupação do Estado reduziu 0,1 ponto percentual.

Ao todo, Estado apresenta ainda 448 mil empregados no setor público e 419 mil cearenses sem nenhum tipo de ocupação.

População empregada no Ceará reduz em 2022
Entre o último trimestre do ano de 2021 e o primeiro trimestre deste ano, a população ocupada no Ceará enfrentou redução de 3,9%, conforme revela o IBGE. Tal percentual representa que 184 mil pessoas perderam seus respectivos empregos ou atividades de trabalho no referido período. 

“Se olharmos a desocupação em retrospecto, pela série histórica da pesquisa, podemos notar que, no primeiro trimestre, essa população costuma aumentar devido aos desligamentos que há no início ano. Este trimestre encerrado em março se diferiu desses padrões”, afirma Helder Rocha, supervisor da disseminação das pesquisas.

Pelo cenário apontado na pesquisa, além das demissões sazonais, no primeiro trimestre de 2022, menos pessoas procuraram emprego no Ceará. Nesse contexto, a estabilidade na taxa de desocupação não necessariamente representa uma melhora na oferta de postos de trabalho no Estado.

A taxa de desocupação é a menor para um trimestre encerrado em março desde 2016, quando foi registrado índice de 10,9%. Porém, conforme avaliam analistas do IBGE, a estabilidade da taxa de desocupação no primeiro trimestre deste ano é explicada pelo fato de não ter sido registrado um crescimento na busca por realocação no mercado de trabalho.

Mais da metade dos trabalhadores do Ceará estão na informalidade
Outro ponto relevante destacado pela pesquisa diz respeito ao grau de subutilização da força de trabalho no Estado. No período analisado, 1,3 milhão de cearenses estavam desenvolvendo algum tipo de trabalho, porém, devido à condições do mercado e falta de oportunidades, não cumprem uma carga horária mínima de trabalho semanalmente, sendo contratados apenas por meio período ou para realização de tarefas pontuais.

Tal condição afetou 30,8% de todos os cearenses ocupados no primeiro trimestre deste ano. Estado computada ainda queda de 6,8% no número de trabalhadores por conta própria entre os três primeiros meses deste ano e o último trimestre de 2021.

Percentual representa a saída de 60 mil pessoas da categoria, sem necessariamente expressar que tal contingente de trabalhadores conseguiu ingressar no mercado formal. Desse total, todos atuavam na informalidade. “Os empregados sem carteira no setor privado ficaram estáveis, depois de dois trimestres em expansão. No trimestre encerrado em março, essa queda no trabalho por conta própria respondeu pela redução no total da população ocupada”, comenta o Helder.

No Ceará, a taxa de informalidade no mercado de trabalho chegou a 53,3%, representando 1,8 milhão de cearenses no primeiro trimestre de 2022. Número é 5,1% menor do que o computado após redução de 0,6 ponto percentual. O número de informais caiu 5,1% com relação aos registros do trimestre imediatamente anterior, impacto diretamente pela redução do grupo de autônomos no Estado.

O número de empregados no setor privado com e sem carteira de trabalho assinada também enfrentou redução no período analisado. No trimestre encerrado em março deste ano, a categoria representou 1,5 milhão de pessoas no Ceará, quando no trimestre encerrado em dezembro de 2021 era 3,6% maior. Movimento representa a saída de 57 mil pessoas desse contexto. 

Número de empregadores no Ceará reduz 19,33% no começo de 2022
No trimestre entre outubro e dezembro de 2021, o Ceará contabilizava 150 mil empregadores, ou seja, aqueles com potencial de contratar funcionários independente do porte do negócio que gerenciavam. No comparativo com o primeiro trimestre deste ano, porém, Estado enfrenta redução de 19,33% no contingente daqueles que poderiam contratar novos funcionários. 

Entre janeiro e março de 2022, o Ceará registrou 121 mil empregadores, redução de 29 mil no contingente daqueles que poderiam gerar empregos, formais ou informais. As baixas nas ocupações dessas categorias também impactaram na queda do número de pessoas ocupadas. No mesmo período, o número daqueles que desistiram de procurar emprego devido às condições de mercado chegou ao patamar de 385 mil pessoas.

Com o contexto apresentado pela pesquisa, Ceará registra alta de 4,9% na população fora da força de trabalho. Isso significa que entre janeiro e março deste ano, 170 mil trabalhadores pararam de desenvolver alguma atividade laboral. No mesmo período, 577 mil cearenses aguardavam uma oportunidade de trabalho no Estado e poderiam começar a trabalhar imediatamente, caso fossem contratados.

Entre os setores, os que mais registraram perda de mão de obra em decorrência do fechamento de postos de trabalho no Ceará foram os de atividades relacionadas à informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, e relacionadas à agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura. As perdas na força de trabalham foram de 12,8% e 12,5% respectivamente. Conforme o IBGE, demais setores ficaram estáveis nessa comparação.

Rendimento médio do Ceará reduz 3,5% em 2022
A Pnad Contínua avalia ainda o rendimento médio mensal de cada pessoa que desenvolve algum tipo de atividade de trabalho remunerada no Estado. Com relação ao computado nos três primeiros meses deste ano, o trabalhador cearense, além da inflação e disparada de preços, teve que lidar com redução de 3,5% no rendimento médio de cada mês. 

O percentual, pelos parâmetros da pesquisa representa um cenário de estabilidade. Na prática, porém, o efeito sentido é a saída de um rendimento médio mensal de R$ 1.798,83, registrado no último trimestre de 2021, para uma renda média de R$ 1.738 entre janeiro e março deste ano, uma redução de R$ 60,83 no mesmo período em que a inflação acumulada do ano gera um encarecimento médio de 4,23% em todos os produtos, alimentos e serviços.

“De modo geral, quando a participação dos trabalhadores formais aumenta, o rendimento médio da população ocupada acompanha a variação, entretanto, tem-se no Ceará mais da metade das pessoas ocupadas em empregos informais”, explica Helder. 

Na comparação com o trimestre encerrado em março de 2021, a queda no rendimento médio do cearense é de 9,2%. A massa de rendimento, ou seja, o somatório da renda média dos cearenses ocupados ficou "estatisticamente estável frente ao trimestre anterior e a igual período de 2021", conforme pontua o IBGE. O total dos rendimentos dos trabalhadores ocupados no Ceará entre no trimestre encerrado em março de 2022 é estimada em R$ 5,7 bilhões.

Fonte: O Povo

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