Já passou o tempo em que carrinhos eram considerados apenas brinquedos de meninos, e a cearense Lívia de Oliveira, de 9 anos, sabe muito bem disso. A menina, que está no 4° ano do ensino fundamental, nutre um apreço por brincar com carrinhos desde nova. Na última sexta-feira, 6, a jornalista Janaina de Oliveira, mãe de Lívia, publicou um vídeo da garota intrigada após outras crianças se surpreenderem com seus brinquedos. 

A menina, que vive em Fortaleza, relata na gravação que algumas crianças a questionaram por estar comprando carrinhos. “'Nossa, você brinca de carrinho? Você é uma menina'”, disse uma das crianças para Lívia, que se sentiu incomodada com o comentário. A mesma situação aconteceu no condomínio em que a garota mora. O vídeo publicado no Instagram já soma quase 16 milhões de visualizações.

No vídeo, Lívia ainda narra que foi brincar com as crianças do prédio e uma vizinha teve o mesmo questionamento sobre os brinquedos. “Sua mãe dirige um carro ou uma boneca? Você vai para a escola de que? Com um carro ou uma boneca? Você sai para passear com o que? Com um carro ou uma boneca? Se eu brincar de carrinho, eu deixo de ser uma menina?”, rebateu Lívia após o comentário.

Em entrevista ao O Povo, Janaina conta que o primeiro contato de Lívia com um carrinho foi quando ganhou uma coleção que era da avó e da bisavó. “Eu sempre incentivei ela a brincar de qualquer coisa que não representasse risco a ela ou outra pessoa”, garante a mãe. Além das miniaturas de automóveis, a menina também gosta de desenhar, de brincar com bonecas, ursinhos e panelinhas.

VÍDEO:


O desabafo de Lívia publicado nas redes sociais aconteceu enquanto Janaina gravava stories para sua conta pessoal. A mãe relata que a menina estava enfrentando uma semana difícil e passava por um processo de adaptação à uma nova escola. “Ela queria saber como fazia para sentar na mesa dos ‘populares’, mas sem sucesso. Os carrinhos só dificultaram essa interação, porque as crianças achavam diferente”, lembra.

A mãe estimula a filha a ter uma relação saudável com os brinquedos. Na legenda da publicação, Janaina destacou que a filha é o reflexo de que as “meninas podem tudo”. “O vídeo não se trata de machismo, feminismo, ideologia política… Nada disso. O vídeo trata do direito da criança de brincar”, pontua.

Criação com comunicação
Janaina investe na "criação com comunicação" para educar Lívia. Ela explica que preza pelo diálogo e quer que a filha cresça com esse pensamento. “Resolver conflitos na oratória e não na violência. Eu sempre digo que a principal defesa dela é a argumentação”, destaca.

Segundo a mãe, Lívia sempre esteve à frente do seu tempo: a menina começou a falar as primeiras palavras aos 7 meses. “Isso sempre deu a ela uma posição de liderança com os amigos, de porta-voz”, assegura a mãe.

Hoje, a garota de 9 anos gosta muito de ler e assistir documentários. Janaina ainda afirma que a filha absorve conhecimento muito rápido, o que é motivo de orgulho para a família.

A mãe pretende manter uma educação com diálogo, respeitando e apoiando as escolhas da filha. “Como a gente quer que, em pleno 2022, as crianças que têm tanto acesso à tecnologia e informação simplesmente ‘engulam’ nossas regras de conduta, sem que elas entendam o porquê devem fazer isso e suas consequências?”, argumenta.

Um mundo de possibilidades
Janaina ficou impressionada com o alcance do vídeo, que teve mais de 1 milhão de visualizações em menos de dois dias. Ela precisou abrir uma caixa postal para Lívia, pois colecionadores de todo o Brasil querem enviar carrinhos para a garota. "Ela está esperando e só gosta dos carrinhos mais clássicos", conta.

Lívia foi convidada para conhecer mulheres pilotos, autódromos e até participar de uma ação com uma marca de carros. A menina já produzia conteúdo junto com a mãe para o Instagram e mantinha um canal no YouTube com dicas de brincadeiras. “O canal nunca fez muito sucesso. Agora, vamos tentar alavancar com essa visibilidade”, revela.

Após a repercussão do vídeo, mesmo continuando com os carrinhos, Lívia já não precisa mais pedir para sentar na mesa dos “populares”. “O jogo virou”, brinca a mãe.

Fonte: O Povo

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