20/06/2022

A alta do preço do algodão está alimentando a inflação das roupas. As lãs que estão nas prateleiras são praticamente todo o estoque de uma loja de São José dos Campos, no interior de São Paulo. A dona conta que os novelos ficaram em média 20% mais caros este ano e, para não esfriar as vendas, tem segurado a margem de lucro.

“O que eu fiz para não repassar o aumento paro cliente tão grande, como as indústrias estão nos passando, eu mantive o estoque do ano passado para cá comprando aos poucos, para conseguir manter um preço também de um ano atrás”, diz Rose Nascimento, dona da loja.

Quem produz peças para vender tem sentido mais. Em um ano, a costureira Simone Mendes chegou a pagar o dobro no pacote de linhas.

O aumento do preço dos fios é um reflexo do encarecimento da principal matéria-prima do setor: o algodão. Em dois anos, o quilo do produto subiu cerca de 150%. A alta foi provocada, principalmente, pela queda na produção durante a pandemia.

“Um impacto dessa natureza você não consegue, mesmo ganhando em produtividade, economizando, trabalhando muito a gestão, você não consegue repassar isso ou ter ganhos suficientes para poder sustentar ou absorver uma alta dessa natureza. Não esperávamos que o algodão continuasse a subir na proporção que subiu, 70% esse ano. E o que está ocorrendo é que aqueles produtos mais intensivos na matéria-prima, as indústrias estão tendo que fazer reajustes”, afirma o presidente da Abit, Fernando Pimentel.

Depois de bater recorde em 2020, com 3 milhões de toneladas, a safra seguinte de algodão do país sofreu redução.

"A gestão dos negócios está muito delicada. Você não pode perder o pé, você tem que segurar seu caixa, você não pode se endividar, os juros subiram. Então todos os ajustes são feitos no dia a dia" explica Fernando Pimentel.

Sérgio Honório é dono de uma malharia em Campos do Jordão. Ele, por enquanto, não subiu os preços das roupas de frio, para não atrapalhar a retomada, com a volta dos turistas à cidade.

“A gente espera com isso atrair esse público e depois ir diluindo esse aumento na matéria-prima", diz.

Fonte: g1 - Jornal Nacional

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