Estação em Crato. Foto: Divulgação

No Cariri termina o trecho final do chamado tronco sul da ferrovia cearense, com cerca de 600 quilômetros. E o último destino dessa rota é a cidade do Crato. E foi lá também o local escolhido pela professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Ângela Maria Falcão da Silva, para encerrar uma pesquisa de doutorado sobre a malha ferroviária do estado.

Ela esteve na região para fazer um levantamento das estações de trens que ainda existem, da situação de trilhos e também para ver de perto como está a conservação da ferrovia, que está em boa parte desativada. Atualmente, o único trecho que funciona é de 14 km, com Veículos Leve sobre Trilho (VLTs).

De acordo com os estudos da pesquisadora, nem todos os municípios dão o devido valor histórico a esses espaços. Ângela Maria encontrou muitas estações demolidas, subutilizadas e poucas preservadas.

Estação de Acopiara reformada. Foto: Divulgação

Em Acopiara, na região Centro-Sul, a antiga estação foi demolida no ano passado, o que gerou polêmica entre historiadores e população. Segundo o secretário de cultura do município, Dário de Sousa, a estação não tinha condições estruturais para ser reformada, e foi reconstruída. No local deve ser instalado um museu ferroviário, previsto para o próximo semestre.

Foi o que aconteceu também com a estação do distrito de Iborepi, na zona rural de Lavras da Mangabeira, no Cariri. Hoje, só há parte dos trilhos. O município ainda não informou sobre o motivo da demolição e o que vai funcionar no local.

Local onde funcionava uma estação em Lavras da Mangabeira, em Iborepi. Foto: Divulgação

Em Juazeiro do Norte, que depois de Fortaleza, era o local com maior embarque e desembarque de passageiros do Ceará por conta do turismo religioso, a estação está fechada e com pichações.

Estação de Juazeiro do Norte. Foto: Divulgação

Mas o transporte de passageiros ainda existe, e está restrito aos 14 quilômetros do Veículo Leve sobre Trilhos (o VLT do Cariri), que faz linha entre as estações do centro do Crato à da Vila Fátima, em Juazeiro do Norte.

A estação é tombada pelo município. A secretaria de Cultura informou que pretende fazer uma restauração da estação e que há um projeto em andamento, porém encontra-se em fase de captação de recursos.

Já a antiga estação ferroviária do Crato, de acordo com a pesquisadora, serve apenas de depósito de materiais.

A secretaria de cultura do Crato informou que o espaço é tombado pelo estado, mas que a conservação do local funciona em parceira com o município. Existe também um projeto de revitalização do espaço, e lá deve funcionar futuramente uma galeria de artes.

Bom exemplo
Como bons exemplos de utilização das estações, ela cita a cidade de Senador Pompeu, que hoje abriga um importante centro cultural e a de Aurora, revitalizada recentemente.

Cidade de Aurora. Foto: Divulgação

“Muitas estações podem ser utilizadas como centro culturais, restaurantes, com exposições. Existem outras finalidades, não só as de antigamente, com trens de passageiros. Alguns municípios não deram o devido valor às ferrovias, encontramos diversas situações, como trilhos furtados, arrancados, estações abandonadas, cobertas de mato. Um patrimônio que não pode estar sendo deteriorado. A ferrovia no Ceará não está tendo a preservação que ela deveria ter.”

Vagão de Madeira na antiga estação Muriti, em Crato. Foto: Divulgação

Toda a linha sul da ferrovia faz parte de uma concessão da Transnordestina Logística S.A. Em nota a empresa informou que monitora e inspeciona periodicamente toda a extensão da ferrovia, incluindo o trecho em questão, que encontra-se com tráfego suspenso devido às interferências necessárias para a construção da nova linha férrea. Quando constatada alguma irregularidade, como furto de trilhos, a empresa aciona as autoridades de Segurança Pública para as devidas providências.

Fonte: g1 CE

Post a Comment