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FOTO: Tatiana Fortes |
O objetivo, segundo ele, é criar um bloco de oposição
“programática” ao governo Jair Bolsonaro (PSL) que supere o recorte ideológico
da centro-esquerda e aglutine setores do centro e da centro-direita.
“Não é nem oposição sistemática nem situação automática”, disse
o senador eleito em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo ele, se o PT, maior partido da oposição, quiser
participar, terá que fazer uma “revisão” de sua postura histórica como oposição
sistemática.
Cid elogiou Rodrigo Maia (DEM), que, conforme avalia, “inspira
estabilidade” e sai na frente na disputa por mais um mandato na presidência da
Câmara. Ele descartou apoio neste momento a Renan Calheiros (MDB) para comandar
o Senado e disse que seu conterrâneo Tasso Jereissati (PSDB) é um “excelente
nome”, mas não o único.
Como o senhor e o PDT vão agir na oposição ao governo de Jair
Bolsonaro?
A despeito das críticas
à equipe que está sendo formada, nossa disposição é a de fazer uma oposição
preocupada com a melhoria do País. Então se aquilo que a gente entende como
melhor para o País vier como proposta do governo, terá nosso pronto apoio. E
naquilo que a gente não concordar vamos procurar discordar construtivamente
oferecendo alternativas e não simplesmente a velha tradição da oposição
brasileira, quer seja PT ou PSDB, de apostar no quanto pior melhor. Torcemos
para o País dar certo e queremos ajudar para que as coisas entrem nos eixos.
Com quais partidos vocês pretendem se aliar na oposição?
Citar nomes seria
restringir. Quem comungar desses mesmos ideais nossos que são, resumidamente,
nem oposição sistemática nem situação automática será bem-vindo, será bem-vindo
em um esforço de atuação conjunta. Para além disso estamos articulando blocos
no Congresso. No Senado este bloco, de partida, teria o PDT, Rede, PSB, PPS,
vamos conversar com o PHS e PRB podendo chegar a 17 (senadores) com mais um
senador com quem estamos conversando.
Este bloco é para disputar espaço na Mesa Diretora ou para fazer
oposição?
Seria para ter uma
postura mais repartida, discutida, no Senado. Além disso, este bloco conversará
com outros partidos com vistas à participação em comissões técnicas e na Mesa
Diretora.
A oposição a Bolsonaro pode ter um recorte que não seja
ideológico, que vá além da centro-esquerda?
Não tenho dúvida disso.
O comportamento vai e vem do Bolsonaro despertará muitas preocupações na
esquerda e na direita. Acho que foi o (Fernando) Collor quem disse que o
governo dele deixaria a esquerda perplexa e a direita enfurecida. Os primeiros
passos do Bolsonaro são muito parecidos com estes na direção da
imponderabilidade. O que não quer dizer, repito, que esteja tudo errado. Só que
quero dizer que ele tem tido um comportamento fora do eixo tradicional de
esquerda e direita.
Neste sentido é importante que o comando das Casas fique com
nomes da política tradicional?
Eu não diria assim.
Diria que dada a imponderabilidade de um governo é muito importante que o
Legislativo inspire e atue no sentido de dar serenidade e estabilidade ao
Estado no sentido amplo dos três Poderes. Isso não quer dizer que seja alguém
da política tradicional.
Quais os nomes que o senhor defende para as presidências da
Câmara e do Senado?
Prefiro não citar nomes,
mas há na Câmara a possibilidade de reeleição do Rodrigo Maia (DEM), o que não
acontece no Senado. Então é óbvio que ele é o nome que parte na frente. Ele
está neste espectro de centro, de partido que não é nem situação automática,
apesar de já ter três quadros escolhidos para o Ministério, nem oposição
sistemática. Ele inspira estabilidade, até porque foi essa a postura dele nos
dois anos de governo ou desgoverno Temer.
E no Senado?
No Senado imagino que a
gente primeiro componha o meio de campo com estas características que já citei
e que cada partido também se agrupe em blocos e apresente os nomes.
Renan Calheiros poderia cumprir este papel?
Sinceramente acho que
neste momento, não. Não quero fazer disso um movimento a favor de sicrano e
contra fulano. Até encontrei com ele lá no Senado e disse que vai chegar muita
intriga até ele, mas pode ter certeza que não é essa a intenção. O que nós
defendemos é um posicionamento da Casa e alguém com experiência.
Tasso Jereissati é uma opção?
Vou repetir que isso não
é um movimento em prol de pessoas, é de um posicionamento, embora seja claro
que no final pessoas representarão este posicionamento. O Tasso é um nome
excelente, teria o perfil daquilo que se imagina para este lugar, mas
certamente não é o único nome.
De que forma vocês pretendem se relacionar com o PT?
Se o PT se afinar com
essas ideias, não temos nada contra. Se o PT amadurecer e achar que é razoável
sair da posição que lhe é histórica de fazer oposição sistemática, tudo bem,
nada a opor.
O PT poderia fazer parte destes blocos?
Desde que faça uma
revisão, um mea-culpa do seu posicionamento histórico, que é de fazer oposição
sistemática quando não são eles o governo.
Qual será o papel de Ciro neste próximo período?
O partido tem
ratificado, já está marcando uma nova reunião para dezembro, o compromisso da
atuação e quer que o Ciro seja o protagonista dessa atuação.
O senhor prevê um rearranjo partidário neste próximo período?
Na hora que você tem uma
cláusula de desempenho que faz com quem 10, 12 partidos não possam mais ter
tempo de televisão nem recurso do Fundo Partidário, isso por si só já é uma
partida para um rearranjo partidário. Para além disso, acho que alguns partidos
vão passar por processos de discussão internos que poderão levar a cisões e, a
partir disso, a outros arranjos partidários. Cito como exemplos o PSDB e o MDB.
Acho que estes dois partidos vão ter processos internos de disputa pelo comando
e de posicionamento muito fortes que devem descambar para cisões. (Agência Estado)
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