FOTO: Elizângela Santos
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Por
qual motivo o Geopark Araripe, com 12 anos de existência, ainda não está no
roteiro turístico de milhares de cearenses, de outros brasileiros e de
estrangeiros? O que falta para universidades, prefeituras, governo do Estado,
empreendedores e o homem do Cariri afinarem parcerias para o desenvolvimento
sustentável dentro de um território chancelado pela Organização das Nações
Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Indagações
como essas e experiências de geoparques das Américas e da Europa estarão em
pauta na primeira Universidade Internacional de Verão que aportará no Cariri
cearense de amanhã a 28 deste mês. Um seminário importado de Portugal, da
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Utad), propõe discutir o Geopark
Araripe, administrado pela Universidade Regional do Vale do Cariri (Urca), e
outros equipamentos semelhantes esquadrinhados pelo mundo.
Artur
Agostinho Sá, articulador do intercâmbio e coordenador do Geopark Arouca de
Portugal, explica que o encontro é um aglutinador de conceitos, problemáticas e
desafios colocados pelos geoparques mundiais como estratégia de prosperidade
territorial. Ele, que é professor da Cátedra Unesco de Geoparques, Desenvolvimento
Regional Sustentado e Estilos de Vida Saudáveis da Utad, lembra que esses
equipamentos têm de estar alinhados ativamente, por exemplo, com os 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas.
O
professor lusitano informa que ter um geoparque mundial da Unesco é abrir a
possibilidade de articulação entre universidades, empreendedores e o habitante
local para um projeto em que todos se beneficiem. Artur Sá cita o caso do
empresário cearense Demétrio Jereissati, 59, como exemplo de uma prática
sustentável no território do Geopark Araripe."Ele criou condições para
novas oportunidades de emprego e de retorno financeiro, associadas à exploração
da temática junto dos funcionários e dos hóspedes", afirma.
O
primeiro passo de Demétrio Jereissati foi construir o Iu-á Hotel. Um
empreendimento ancorado nas possibilidades de negócios oferecidas no mapa do
Geopark Araripe. Em entrevista, ele revelou que investirá agora na
pesquisa científica e na arte local.
"O
Iu-á respira o Cariri. Desde a concepção, tudo foi inspirado na região, o nome
do hotel remete a um fruto específico da cidade de Juazeiro do Norte. Iu-á, juá
em tupi guarani, quer dizer fruto de espinho. Toda a conceituação é ligada às
raízes, à história, à natureza... ao Geopark Araripe. A ambientação,
estruturação dos espaços, o museu, os passeios no Doblossauro, a cultura de
servir, o que servir, como apresentar os espaços e ambientes do hotel, e os
principais fornecedores e parceiros são da região, são do Cariri", pontua
Demétrio Jereissaiti.
No
hotel, localizado em Juazeiro do Norte, o empreendedor está construindo a
Iuarte. Uma galeria de arte destinada a exposições e outras performances que
atravessem e se misturem à cultura produzida no rastro dos seis municípios que
compõem os quase 4 mil km² do único geoparque do Brasil e o mais antigo da
América Latina.
No
Crato, Jereissati transformará 9 hectares de uma propriedade particular no
geossítio Santa Fé. Uma área de relevante interesse para a pesquisa científica,
que agregará turismo cultural e o desenvolvimento não predatório do entorno e
dos espaços afins. O processo de validação está em andamento na Global Geoparks
e na Urca.
No
novo geossítio, que se entende até um paredão na Chapada do Araripe, foi
descoberta uma coleção de desenhos rupestres. Achados arqueológicos
considerados raros numa região rica de memória paleontológica cravada nas
jazidas onde estão fossilizados registros do período cretáceo inferior da
pré-história do mundo. Santa Fé será administrada em parceria da Fundação Casa
Grande, que trabalha com a educação de crianças, adolescentes e jovens de Nova
Olinda.
Demétrio
Jereissati entende que o Iu-á Hotel, a galeria Iuarte (que fica no hotel) e o
geossítio Santa Fé fazem parte de uma estratégia consciente de negócio
sustentável identificado com "a causa Geopark Araripe".
Curiosamente,
os seis anos de experiência do empresário no território Geopark Araripe não
estão na programação do encontro internacional. As discussões, fora as
atividades de campo nos 9 geossítios da Chapada do Araripe, ocorrerão na Urca
(Crato) e no Iu-á Hotel (Juazeiro do Norte) de amanhã até 28 deste mês. O guia
das conferências está no geoparkararipe.org.br. (O Povo)
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