A
proposta do governo Bolsonaro de mudança nas regras do abono salarial deve
trazer economia de R$ 150,2 bilhões em dez anos, segundo cálculos
da Instituição Fiscal Independente (IFI).
Essa
economia viria da exclusão
de cerca de 89% dos atuais beneficiários do programa,
segundo números do Ministério do Trabalho apresentados no relatório da
instituição (que reúne especialistas em contas públicas e publica análises
sobre os números desde 2016).
A
redução no número de beneficiários acontece porque a proposta de reforma previdenciária (PEC
6) limita a concessão do abono a trabalhadores que recebam até 1 salário mínimo
mensal. Hoje ele é pago a quem recebe até 2 salários mensais, está inscrito no
Pis/Pasep há no mínimo 5 anos e trabalhou pelo menos 30 dias no ano em questão.
Deixariam
de receber o abono, portanto, cerca de 21 milhões de trabalhadores
com rendimento de 1 a 2 salários mínimos mensais, segundo dados do Ministério
do Trabalho. O número é a média, de 2010 a 2017, dos trabalhadores com carteira
assinada nessa faixa de remuneração. Essa parcela equivale a 44,6% da população
ocupada no mercado formal de trabalho.
Segundo
os mesmos dados, os que recebem até 1 salário mínimo -e manteriam o direito ao
abono, pela proposta de reforma- são cerca de 2,6 milhões de trabalhadores, ou
5,6% da população com carteira assinada.
Além
de reduzir
o valor máximo para acesso ao abono, a proposta da gestão
Bolsonaro constitucionaliza as regras de cálculo do benefício (hoje
disciplinadas por lei de 1990, alterada em 2015).
Pelas regras atuais, o valor do abono
é de até um salário mínimo (R$ 998 em 2019). A PEC 6 propõe que o abono seja
calculado na proporção de 1/12 do salário mínimo por mês trabalhado.
A
economia estimada para a mudança no abono somada aos R$ 28,7 bilhões calculados
para mudanças no Benefício
de Prestação Contiuada (BPC) chega a R$ 178,9 bilhões
em dez anos, segundo a IFI.
É
um resultado quase igual aos R$ 182,2 bilhões em dez anos estimados pelo
governo nas justificativas de sua proposta de reforma previdenciária (PEC 6). A
gestão Bolsonaro não informa os números para cada uma das
mudanças, divulga apenas o número total. A
proposta de mudança no BPC, no entanto, tem recebido críticas de deputados e o
próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL) já declarou que pode recuar nesse
ponto. (Folhapress)
Postar um comentário