Mais
da metade (60%) da abertura de empresas no Ceará, no primeiro semestre deste
ano, se concentrou em apenas cinco municípios do Estado. Fortaleza, Juazeiro do
Norte, Caucaia, Maracanaú e Sobral criaram juntos 24,9 mil novos negócios das
mais de 41,5 mil empresas abertas no período. Segundo informações da Junta
Comercial do Estado do Ceará (Jucec), o número total cresceu 15,6% em relação
aos primeiros seis meses de 2018, mesmo com a atividade econômica fraca.
Na
avaliação do secretário do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet),
Maia Júnior, o Estado ainda sofre reflexos da crise que o País passa. "Nesse
cenário, manter o número do ano passado já seria bom e esse crescimento pode
ser considerado muito bom. Isso mostra o esforço que tem sido feito para atrair
investimentos de fora e de empresas que estão crescendo no Estado".
A
avaliação positiva se justifica porque o crescimento observado neste ano se deu
em cima de uma alta de 58,3%, registrada no primeiro semestre de 2018, ante o
de 2017. No ano passado, quando foram abertas 35.946 empresas no Estado, a
desburocratização dos processos de abertura e encerramento de negócios foi
apontada pela Federação do Comércio de Bens e Serviços do Ceará (Fecomércio)
como principal responsável pelo avanço. "A redução da burocracia facilita
qualquer processo para as empresas, mas o nosso País ainda é muito cartorial e
há muita dificuldade em todas as situações. Os controles são importantes, mas a
gente tem que ver até que ponto isso pode atrapalhar a abertura de
empresas", diz Maurício Filizola, presidente da Fecomércio-CE.
"Para
investir, o empresário precisa de segurança jurídica e quando isso não fica
claro ele adia o investimento". Porém, Filizola diz que a simplificação de
procedimento está sendo aplicada a empresas consideradas de "baixo
risco", que compreendem principalmente companhias de menor porte.
Dos
novos negócios abertos neste ano, 92% são da categoria de empresário
individual, que inclui os Microempreendedores Individuais (MEI), 5% são de
sociedade empresária limitada, 2,2% de empresa individual de responsabilidade
limitada, e o restante (0,8%) de cooperativas, sociedade anônima fechada e
consórcio de sociedades.
Já
o número de empresas fechadas de janeiro a junho chegou a 15.605. Com isso, o
Estado registrou um saldo de 25.952 novas empresas. Das que foram encerradas
neste ano, 14.008 eram na modalidade "empresário", que inclui MEI,
1.398 eram "sociedade empresária limitada", 195 de "empresa
individual de responsabilidade limitada", três de "sociedade anônima
fechada" e uma de "sociedade empresária em nome coletivo".
Municípios
Entre
os municípios que mais registraram novas empresas neste ano, Fortaleza
registrou 19,2 mil aberturas e 6.716 fechamentos, ficando com um saldo de 12,5
mil novos negócios. Em seguida, com maior número de aberturas, aparecem
Juazeiro do Norte (1,7 mil), Caucaia (1,6 mil), Maracanaú (1,2 mil) e Sobral (1
mil). Considerando o saldo, Juazeiro do Norte registrou 1,1 mil novos negócios
no semestre, Caucaia (1 mil), Maracanaú (799) e Sobral (614).
Nestes
municípios, se concentram ainda os maiores potenciais de consumo do Estado. No
entanto, o incremento de empresas não foi suficiente para elevar de um ano para
o outro a capacidade de consumo dos moradores dessas regiões. De acordo com o
Índice de Potencial de Consumo (IPC), do IPC Maps, dos 10 municípios cearenses
com maior potencial de consumo, seis apresentaram redução neste ano em
comparação com o resultado de 2018.
Segundo
a entidade, Fortaleza, que apresenta o maior potencial do Estado, teve sua
pontuação reduzida de 1,34076, em 2018, para 1,21292 neste ano. E os municípios
do interior vêm perdendo participação. De 2005 a 2017, o índice acumulou
sucessivas altas, mas, a partir de 2018, a Região Metropolitana de Fortaleza
(RMF) tem ganhado espaço. Há 14 anos, o interior representava 36,3% de tudo que
era consumido pelos cearenses. Em 2010, essa participação subiu para 38,1%, em
2015 subiu para 44,5% e caiu em 2018 para 40,5%. (Diário do Nordeste)
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