Uma baleia cachalote enterrada na Praia de Barro Preto, no município de Aquiraz, no Ceará, vai integrar o novo acervo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, destruído em um incêndio em setembro de 2018. A ossada encalhada no litoral cearense substituirá simbolicamente uma jubarte consumida pelas seis horas de fogo na instituição histórica.
O esqueleto da jubarte era o mais antigo do Brasil, tinha cerca de 17 metros, havia sido montado há cerca de 100 anos, e foi um dos milhões de itens perdidos do acervo. Já a cachalote encontrada no Ceará tinha aproximadamente 9 metros, de acordo com o biólogo cearense Antônio Amâncio, ex-coordenador da Organização Não Governamental (ONG) Aquasis que integrou a equipe responsável por enterrar a baleia encalhada no litoral cearense.
“É feito todo esse procedimento padrão para os animais que encalham, enterrar é importante, porque há o risco de zoonoses se deixarmos a carcaça na praia. Coletamos informações como as coordenadas geográficas, para fazer o histórico do encalhe do animal, e enterramos. Agora, nós recebemos esse pedido do Museu Nacional e a Aquasis cedeu o material para eles”, informa Amâncio, que integrará também a equipe responsável por localizar e remover o esqueleto.
Reabertura do Museu
A escavação em Aquiraz será iniciada no próximo dia 27, com participação de pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro e da Universidade Estadual do Ceará (Uece). O grupo contará ainda com o suporte da ONG Aquasis. A previsão de envio do animal para terras cariocas é outubro deste ano.
Outra integrante da equipe é Renata Stopiglia, bióloga, pesquisadora da Uece, e responsável pelo projeto de implantação do Museu Regional de História Natural do Estado, em parceria com o Museu Nacional. “Nessa missão, acabo me envolvendo em outros afazeres. O desenterro da baleia aqui faz parte da composição de um acervo novo que está sendo coletado para o Museu Nacional pós-incêndio”, pontua.
Renata afirma que a equipe da Aquasis, incluindo Amâncio, será responsável pela limpeza do esqueleto “cearense” para envio ao Rio, uma contribuição simbólica para repor a História “queimada”. “Todo o acervo da área zoológica foi perdido. A baleia (jubarte) fazia parte desse acervo perdido. E para a reabertura do Museu Nacional, planejada para 2022, se deseja muito que uma baleia retorne para a exposição. Além da importância científica, de as pessoas conhecerem a biodiversidade que nos rodeia, existe um simbolismo de estar trazendo de volta não só o Museu Nacional que existia, mas também esse processo de renovação. A baleia é um símbolo muito importante”, frisa.
O antigo esqueleto esteve exposto por mais de 50 anos. De acordo com o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, a nova “peça” do acervo ficará suspensa no teto da construção refeita, e será a primeira baleia cachalote a integrar a exposição. “O Museu está custeando essa expedição com a ajuda da Associação Amigos do Museu Nacional. Fica em torno de R$ 50 mil, incluindo o trabalho de desenterrar, descarnar e branquear os ossos. Só depois vem a fase de montar”, detalha.
Segundo Kellner, a ossada deve chegar ao Rio de Janeiro daqui a aproximadamente oito meses. A expectativa é de que o Museu seja parcialmente aberto em 2022, com parte do acervo exposto. A reabertura completa deve acontecer em 2025. (G1 CE)
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