Os bons resultados no campo devem-se ao volume generoso de chuva registrado entre os meses de janeiro a abril no Cariri FOTO: ANTONIO RODRIGUES
Assim como a quadra chuvosa começa mais cedo na região do Cariri, já que as maiores precipitações se concentram entre janeiro a abril — enquanto no restante do Ceará é de fevereiro a maio — a tão esperada colheita também tem início antecipado. Ao contrário do ano passado, que Juazeiro do Norte registrou perda entre 65% a 70% da produção de milho e feijão, desta vez a safra se mostra positiva. A projeção dos produtores é de colheita 80% superior ao índice registrado no ano de 2019 (1.266 t ). 

“Está uma fartura, graças a Deus”, comemora a agricultora Rosa Ferreira da Silva, enquanto coloca o feijão no fogo. Seu marido, o também agricultor Francisco Cardoso da Silva, do Sítio Sabiá, não esconde o sorriso ao “apanhar” seu feijão. “O inverno desse ano é uma bênção”, enfatiza. O inverno, a que se refere, é o termo que o sertanejo usualmente chama o período correspondente da quadra chuvosa. 

Bons volumes 
O cenário é mesmo otimista. Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), de janeiro até agora, na macrorregião do Cariri, o acúmulo das chuvas foi de 873,2 milímetros, isso representa 24,7% acima do observado médio para este período: 700,3 mm. Com cerca de seis hectares de roça plantados por ano, Francisco planta milho, feijão, gergelim, jerimum, palma, mamão, entre outros. A maior parte do que colhe serve para alimentação de sua casa e das famílias de seus quatro filhos. Todos moram próximos. Outra parte também vai para a nutrição dos animais. Já o excedente, é vendido na comunidade e em cooperativas. Por mês, apura entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil. “O inverno deste ano está com uns 15 aos que não vejo. Cheguei em Juazeiro em 2010 e de lá pra cá não tinha visto”, garante o agricultor, que deixou Aurora para morar na terra do Padre Cícero. 

O agricultor Francisco Humberto dos Santos, do Sítio Carás do Umari, também em Juazeiro do Norte, é um dos que já veem o resultado do seu esforço e o do auxílio técnico através de uma boa colheita. “Estou plantando e colhendo. Só Deus para dar um inverno maravilhoso assim para nós", celebrou o produtor. 

O engenheiro agrônomo Eduardo Abreu, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de Juazeiro do Norte (Seagri), explica que a média de grãos colhidos por hectare no município é de três mil quilos de milho e 800 de feijão. Ano passado, houve uma perda de até 70% da safra, pois, segundo ele, os agricultores plantaram cedo. “Houve um veranico em fevereiro que prejudicou a colheita”, justifica. “Este ano, a expectativa é dentro desta média, já que teve um bom inverno e o pessoal foi orientado a ser mais cauteloso. Eles esperaram mais tempo para plantar”, completa. 

Para os agricultores, a falta de chuvas no início do ano foi determinante para baixa colheita em 2019. “Faltou chuva”, corrobora Francisco, que acredita ter tido uma perda de 80% do feijão e entre 30% a 40% de milho, em 2019. Este ano, sua roça foi plantada no mês de fevereiro, sob orientações dos técnicos da Seagri. “Em 70 dias já tem milho maduro. Mas o melhor ainda vai ser pra junho e julho”, antecipa otimista. 

Pandemia 
As vendas de legumes têm sido afetadas por conta da pandemia da Covid-19. Por causa disso, a Seagri tem orientado os trabalhadores rurais a venderem seus produtos para fornecedores de mercados e feiras. “Houve uma diminuição do próprio consumo”, admite Eduardo. Outra alternativa são as cooperativas, que estão adquirindo parte desta safra e repassando para os comerciantes darem vazão.                       (Diário do Nordeste)

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