Em terceiro lugar no ranking nacional de casos de coronavírus, o estado do Ceará e a cidade de Fortaleza - que lidera a taxa de novos casos de coronavírus entre as capitais - poderiam estar em situação ainda mais grave, se não houvesse o decreto de isolamento social do Governo do Estado. É o que aponta pesquisa realizada pelo Grupo de Sistemas Complexos, do Departamento de Física, da Universidade Federal do Ceará (UFC). 

O levantamento, que  contou com apoio da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa) e da Célula de Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Fortaleza,  foi apresentada às autoridades na noite da última quarta-feira (8). O estudo teve outra particularidade: a base é a data em que os exames para Covid-19 foram realizados, e não a data da divulgação dos resultados.

Os gráficos mostram, por exemplo, que, no dia 24 de março deste ano, Fortaleza já poderia estar com 1.194 casos de Covid-19, enquanto foram registrados 542; e o Ceará, na mesma data, poderia estar com 1.349 casos, e não 607.

Gráfico referente ao Ceará
"Essa pesquisa mostra que, se não tivesse tido isolamento, a gente estava com o número de casos muito maior hoje, e a nossa situação estaria realmente em crescimento desordenado e acelerado. As medidas de isolamento interromperam essa tendência natural", avalia o médico epidemiologista e gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica, Antônio Silva Lima Neto. 

O Estado do Ceará tem 1.445 casos de Covid-19 confirmados e 57 mortes pela doença, e Fortaleza soma 1.265 registros, com 43 mortes, segundo dados da Sesa, da tarde desta quinta-feira (9).

Curva com aumento exponencial 
Coordenador da pesquisa, o professor do Departamento de Física, da UFC, José Soares de Andrade, afirma que as curvas de coronavírus do Estado e da Capital poderiam ter tido um aumento exponencial, mas foram "achatadas". "A linha vermelha foi estimada com base nos primeiros dias da pandemia. A gente faz o que a gente chama de extrapolar, para mostrar o comportamento dela, caso alguma interferência não tivesse sido feita", explica. 

Segundo o físico, a pesquisa procurou um número mais real de casos, ao adotar a data em que os exames para Covid-19 foram realizados. "A pandemia não tem nenhuma relação com a variabilidade a qual os laboratórios de análise clínica entregam os exames. E essa variabilidade é muito grande", afirma. 

Para o médico epidemiologista Antônio Lima Neto, o isolamento social precisa ser ainda mais amplo na Capital e no Estado. 

"Existem diferenciais de percepção de risco. Esse isolamento está sendo mais intenso, evidentemente, nas áreas que foram afetadas inicialmente, que são áreas de IDH maior, o Meireles, Aldeota, Cocó, Guararapes (em Fortaleza); mas a nossa maior preocupação é que se tenha essa percepção agora nas áreas mais vulneráveis."                      (Diário do Nordeste)

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