Um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, vai testar o antiviral fumarato de tenofovir desoproxila, usado em pacientes com HIV, para combater o Sars-Cov-2, causador da Covid-19, em voluntários cearenses.
A pesquisa tem previsão de começar a ser aplicada clinicamente dentro de duas ou três semanas em pacientes no Hospital São José, segundo o infectologista clínico da Unidade, Érico Arruda.
Mesmo fora da lista de drogas selecionadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para testes em larga escala no mundo, a substância apresentou resultados positivos diante do novo coronavírus nos exames de laboratório.
De acordo com o infectologista e coordenador clínico do HSJ, inicialmente, a unidade é único “campo de testagem”. A substância deve ser aplicada em, pelo menos, 100 pacientes com sintomas leves e moderados.
“É uma perspectiva otimista. Estamos na fase final de elaboração da pesquisa. O início da fase clínica depende da aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep)”, esclarece Érico Arruda.
O tenofovir será testado tanto sozinho quanto em conjunto com outras substâncias, conforme Érico. “Vamos iniciar o medicamento antes de complicações com o objetivo de acompanhar se é possível diminuir os sintomas da Covid-19”.
Para análises posteriores já no Ceará, o infectologista afirma que há o envolvimento laboratorial da Universidade Federal do Ceará (UFC). “A estrutura do banco de dados e de análise estatísticas será feita por lá”, adianta o infectologista.
O Ceará tem 59.795 casos positivos de Covid-19 e 3.813 óbitos, segundo dados da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde. A atualização foi realizada na noite desta quinta-feira (4). Nesta segunda-feira (1º) o Estado ultrapassou os 50 mil diagnósticos positivos da doença. Sobral tornou-se a quarta cidade cearense a ultrapassar uma centena de mortos.
Além de Fortaleza, que já contabiliza 2.424 pessoas que já faleceram pela doença, outros três municípios já ultrapassaram uma centena de mortes, sendo eles Maracanaú (144), Caucaia (137) e Sobral (105).
USP
O pesquisador Norberto Lopes, integrante do grupo de pesquisa da USP em Ribeirão Preto (SP) e do Núcleo de Apoio a Pesquisa em Produtos Naturais e Sintéticos (NPPNS), afirma que os estudos da medicação continuam. “Ainda estamos estudando o mecanismo de ação. O que temos são estudos computacionais que mostraram como o tenofovir interage com a enzima RNA do Sars-Cov-2. Esse já é considerado um provável mecanismo de ação”.
Sobre os efeitos colaterais que a testagem pode ocasionar, Norberto explica que, por ser um medicamento usado no País no combate à Aids, “eles já estão previstos na bula. A substância tem uma segurança boa, o que permite o avanço na área clínica”.
Até a publicação dessa matéria, a assessoria do Hospital São José comunicou que a Unidade ainda está verificando as informações sobre a aplicação da pesquisa no HSJ. Procurada para mais detalhes, a UFC redirecionou o pedido também para o Hospital São José. (G1 CE)
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