FOTO: Natinho Rodrigues |
A diretora institucional da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Cláudia Brilhante, avalia que a manutenção do benefício foi essencial para que o empresário do comércio de bens e serviços se sentisse confiante para comprar estoque, apostando nas vendas dos próximos meses.
“Com certeza, o auxílio emergencial salvou a economia do País. O empresário está comprando estoque para vender com a segurança do pagamento do auxílio até o fim do ano. Se não fosse a prorrogação, ele não teria essa confiança e ia vender o que já tinha em estoque, porque a interrogação em relação ao que seria era gigantesca, então dá essa segurança”, pontua Cláudia Brilhante.
Ela ainda detalha que, mesmo em menor valor, a continuidade do pagamento do auxílio é muito bem esperada pelo comércio neste fim de ano. “Se não fosse isso, estaríamos em um momento muito mais delicado. A gente percebe que, com o auxílio, muitas pessoas compraram insumos para trabalhar dentro da própria casa, seja fazendo artesanato ou cozinhando para vender. Isso faz com que o dinheiro circule”, explica a diretora institucional da Fecomércio-CE.
O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro, também vê a extensão do auxílio emergencial como um importante impulsionador da confiança do empresário do comércio local. “A prorrogação deu uma sinalização positiva para o empreendedor. O Governo faz a parte dele com o auxílio e o empresário faz sua parte também. E aos poucos, a economia vai se equilibrando, alguns empregos vão surgindo e o fim de ano historicamente é bom”, diz, lembrando ainda do pagamento do décimo terceiro salário.
Impacto no Interior
Freitas reforça ainda a importância da manutenção do auxílio para a economia de cidades cearenses menores. “Para o comércio varejista, sobretudo no Interior, faz uma grande diferença. Impacta os pequenos comerciantes, na ponta, a bodega, e aquilo vai subindo para toda a cadeia”, destaca o presidente da FCDL-CE. “É um recurso que está indo até o mais necessitado e faz uma diferença considerável”, acrescenta.
A opinião é corroborada pelo professor e diretor geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), João Mário França. Ele avalia que a “maior parte” das pessoas beneficiadas pelo auxílio emergencial no Ceará estão, de fato, localizadas no Interior do Estado, fazendo com que os recursos sejam importantes para movimentar a economia nas pequenas cidades.
“No Interior, como há uma população com um nível de renda menor, então grande parte do auxílio está sendo alocado para essa região, o que é muito positivo para o pequeno comércio. Isso tem um peso. Até com esse benefício que foi reduzido pela metade há uma relevância, até porque ele ainda é maior do que o valor médio pago aos beneficiários do Bolsa Família, por exemplo”, disse.
Segundo dados de março deste ano do Governo Federal, o valor médio do Bolsa Família pago a mais de 1,85 milhão de famílias no Ceará foi de R$ 192,46. Ao todo, o número de pessoas beneficiadas representa 27,72% da população cearense.
Outro ponto importante sobre o peso do auxílio emergencial para a economia cearense foi apontado pesquisa “Os efeitos da pandemia sobre os rendimentos do trabalho e o impacto do auxílio emergencial: os resultados dos microdados da PNAD Covid-19 de agosto”, divulgada ontem (29) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O estudo mostrou que 10,93% dos domicílios no Ceará tiveram como renda apenas os recursos do auxílio emergencial. O dado coloca o Ceará como o Estado com a sétima maior proporção de domicílios dependentes do benefício em todo o Brasil. Apenas Sergipe (10,97%), Alagoas (11,64%), Amapá (12,44%), Maranhão (12,87%), e Bahia (13,61%) apresentaram uma proporção maior.
Resultados
O diretor geral do Ipece também comentou que o comércio é um dos primeiros setores a sentir a entrada dos recursos do auxílio emergencial. Ele explicou que, como os beneficiários contam com uma renda menor, boa parte dos recursos é direcionada para gastos como alimentação e outras despesas relacionadas ao comércio. E esse fluxo financeiro, segundo João Mário, ajudou a desacelerar a queda do Produto Interno Bruto (PIB) no País como um todo, assim como no Ceará. Contudo, ele disse que não há dados precisos por conta da metodologia e dos dados utilizados pelos Estado para calcular o PIB do Ceará.
“Como é um dinheiro focado nos mais vulneráveis, como os beneficiários do Bolsa Família, ele vai muito para o consumo, então toda a renda acaba indo para segmentos como alimentação. Isso é importante para dinamizar a economia”, disse França. (Fonte: Diário do Nordeste)
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