O mapeamento mostra potencial para que empresas possam explorar minérios no estado. Foto: Divulgação/ SGB-CPRM

O solo do Ceará pode trazer ainda mais potencial para a economia do Estado. Na última quarta-feira (15 de setembro), o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) divulgou um mapeamento geológico na região Sul, incluindo a região do Cariri, analisando mais de 36 mil km² em escala de 1:100.000. 

O mapeamento encontrou diversos minerais que podem ser explorados no solo cearense, tais como magnesita, gipsita, calcário, barita, caulim, celestita, quartzo, gemas, mármore, talco, amianto, scheelita, cromita, galena, grafita, ouro, ferro e manganês.

A pesquisa ajuda empresas do setor de mineração a saber onde investir esforços na busca de recursos minerais. Para o gerente de geologia e recursos minerais do Serviço Geológico do Brasil, Edney Palheta, o potencial do setor para a economia cearense depende agora do esforço do setor privado em explorar os resultados encontrados. 

MAPEAMENTO É A BASE 
De acordo com o geólogo e presidente do Sindicato da Indústria de Mármore e Granito (Simagram), Carlos Rubens Alencar, não há como haver uma evolução do setor de mineração no estado sem pesquisas como esta. 

"O mapeamento geológico é a base de tudo. Sem mapeamento as descobertas são mais lentas, esporádicas e dependem do esforço pessoal de empresas privadas"
CARLOS RUBENS ALENCAR
geólogo e presidente do Sindicato da Indústria de Mármore e Granito (Simagram)

Ele explica que o setor hoje é limitado por não haver no Ceará uma política mineral por parte do governo, apontando coordenadas para o desenvolvimento da mineração e com investimentos. 

Alencar destaca que a mineração envolve pesquisas de longo prazo e amplos investimentos, mas que tem potencial de trazer bons resultados para a economia cearense, seja pelo mercado interno ou por meio de exportações. 

Hoje, a atividade do setor no estado se limita a extrações mais superficiais ligadas à indústria de construção civil, incluindo insumos como areia e brita e a produção de cerâmicas e olarias.   

Na região do estudo, já existem empreendimentos da área de mineração. Alguns deles são a mineração de magnesita (Magnesium do Brasil S/A) no município de Jucás; mineração de gipsita (Chaves Mineração e Indústria) nos municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri; e mineração de rocha calcária para revestimento (pedra cariri) nos municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri por meio da Cooperativa de Mineração dos Produtores da Pedra Cariri.   

POTENCIAL DA INDÚSTRIA 4.0 
A pesquisa do SGB-CPRM encontrou 17 ocorrências de cobre, duas ocorrências de ouro e 78 ocorrências de mármore. Esses minerais são considerados estratégicos por atenderem à demanda da indústria 4.0, que engloba a tecnologia da informação e energética. 

“Agora a intenção é a iniciativa privada trabalhar em cima desses dados, para ver se a região tem de fato uma potencialidade completa”, ressalta Edney Palheta. 

Ele destaca que as substâncias encontradas em maior abundância foram ferro e mármore, mas que a pesquisa encontrou mais de 100 minérios ao todo. Segundo ele, a ocorrência de ouro na região deve chamar a atenção de empresas. 

"Na mineração o estado ainda é promissor, também é promissor até mesmo para a economia do Brasil. Tudo isso vai depender de pesquisas mais detalhadas de empresas privadas. A gente apenas encontrou um pequeno grãozinho, mas pode ser que exista algo a mais. Fizemos uma pesquisa superficial, mas já é um indício"
EDNEY PALHETA
gerente de geologia e recursos minerais do Serviço Geológico do Brasil

TERRENOS PRÉ-CAMBRIANOS 
A pesquisadora em geociências Iris Pereira Gomes observa que o potencial observado se dá devido a características geológicas de terrenos pré-cambrianos. 

“Regiões contendo rochas pré-cambrianas têm uma diversidade geológica que normalmente hospeda bens minerais, principalmente metálicos, como é o caso dos ambientes geológicos existentes nas províncias minerais de Carajás e do Quadrilátero Ferrífero”, explica.  

O maior aprofundamento desse potencial necessita de maiores pesquisas que podem demorar cerca de dez anos para conclusão, desde as etapas iniciais até o empreendimento ser considerável viável economicamente e cumprir todas as exigências ambientais necessárias para se viabilizar como uma alternativa concreta de desenvolvimento sustentável. 

ACESSO AOS MAPAS 
Os dados do mapeamento, obtidos no Projeto “Mapeamento Geológico e Integração Geológica-Geofísica-Geoquímica na Região de Granjeiro-Cococi, Ceará”, vinculado ao Programa Geologia, Mineração e Transformação Mineral, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, estão disponíveis gratuitamente no portal do SGB-CPRM.

Fonte: Diário do Nordeste

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