O jovem Paulo Ronielton de Sousa da Silva, 23 anos, deixou a prisão na tarde desta quarta-feira (6) após quatro anos preso por um crime que não cometeu. Ele estava preso em Itaitinga, na Grande Fortaleza, por assaltar e matar uma garota. Após reavaliar o caso, a Justiça entendeu que não há provas contra ele e anulou a condenação.

Ronielton de Sousa havia sido condenado a 36 anos de prisão pelo latrocínio de Yasmim Furtado Sousa, de 14 anos, em Pentecoste, a 89 km de Fortaleza. O crime ocorreu em 2017. Por falta de provas, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado (TJCE) absolveu, em 28 de setembro.

A adolescente foi assassinada durante um assalto em frente à casa onde morava, na zona rural de Pentecoste. De acordo com o processo, o crime ocorreu um dia antes do aniversário de Yasmim e foi praticado por duas pessoas que estavam numa moto. O crime marcou a cidade de Pentecoste; muitas pessoas relataram um choque com a violência do crime.

‘Nem no local do crime ele estava’

O advogado de Paulo Ronielton, Ricarthe Oliveira, disse que a absolvição do jovem aconteceu por unanimidade por falta de provas. Ricarthe Oliveira reforça que Paulo Ronielton não se encontrava no local do crime e que sua prisão foi em desacordo com o artigo 226 do Código de Processo Penal.

“Nem no local do crime ele estava. Ele tinha álibi geográfico dizendo que ele estava em outro canto no momento do crime e não foi reconhecido pelo juiz e acabou sendo condenado. Ele havia sido condenado pela suposta prática de latrocínio cumulado com corrupção de menores, mas foi absolvido pelo Tribunal de Justiça por nulidade em seu reconhecimento, pois o seu suposto reconhecimento foi em total desacordo com o artigo 226 do Código de Processo Penal”, explicou.

O artigo citado pelo advogado trata do reconhecimento de pessoas suspeitas de crimes.

“Ela [pessoa suspeita de um crime] deve ser perfilada, ao lado de outras pessoas que tenham características iguais ou semelhantes. No caso do Paulo Ronielton, o reconhecimento dele foi como? Colocaram ele de frente para a família e ela [família] disse: ‘Foi ele!’ Ou seja, o reconhecimento foi viciado. A polícia pegou uma pessoa qualquer, colocou como suspeito e a família com sede de vingança e Justiça apontou ele como o autor do fato.”

“O alvará foi expedido ontem [quarta-feira], pela 4ª Vara de Execuções Penais, e foi cumprido ontem mesmo. Ele saiu e foi levado de volta para casa, na cidade de Pentecoste. Foi uma euforia para ele e a família, afinal, foram 4 anos longe de casa”, concluiu o advogado.

Morta no aniversário da mãe

Yasmim Furtado foi morta enquanto comemorava o aniversário da mãe, na noite do dia 14 de setembro de 2017, por volta das 18h45. A família e os convidados da festa foram surpreendidos por Silva e um adolescente de 17 anos, que invadiram o local e anunciaram o assalto.

De acordo com o MPCE, os criminosos pediram dinheiro e a chave de uma motocicleta que estava estacionada do lado de fora da casa.

“Como a mãe da vítima, por estar nervosa, não conseguiu encontrar, eles agrediram o companheiro da mulher com coronhadas e subtraíram dois celulares, um da adolescente e o outro de sua mãe”, relatou o MPCE.

Ao deixarem o local, o acusado e o comparsa levaram a motocicleta de uma pessoa que estava chegando na festa. Nesse momento, um dos suspeitos efetuou dois disparos de arma de fogo em direção ao quarto da casa e um dos tiros atingiu a nuca de Yasmim Furtado.

Ainda segundo informações do ministério, mais de seis mil pessoas visitaram e acompanharam o velório da adolescente, que ocorreu, primeiramente, no ginásio poliesportivo de Pentecoste, e depois na casa da família.

Na época, o promotor de Justiça Jairo Pequeno Neto requereu a condenação do acusado pelos crimes de roubo seguido de morte e corrupção de menor, já que ele recebeu apoio de um adolescente durante a ação delituosa. O magistrado julgou procedente a denúncia e lavrou a sentença condenatória.

Fonte: G1 CE

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