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Segundo maior reservatório hídrico do Ceará, o Açude do Orós, localizado no município homônimo, atingiu o maior volume de água dos últimos sete anos. Com as fortes chuvas que banham o Centro-Sul cearense desde o começo deste mês, a reserva hídrica da barragem alcançou 31,28% da sua capacidade total. O índice é o maior desde o dia 24 de abril de 2015, quando foi registrado 31,33%. Os números constam no Portal Hidrológico do Ceará, gerenciado pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).

Com capacidade para acumular até 1,9 bilhão de metros cúbicos (m³) de água, o Açude de Orós concentrava, até a noite desta sexta-feira, 25, uma cota hídrica de 606 milhões (m³). No fim de fevereiro, antes das chuvas registradas neste mês, o volume chegava a pouco mais de 435 milhões (m³). Os números indicam que, somente em março, que ainda não acabou, o reservatório captou aproximadamente 171 milhões de metros cúbicos de água.

O quadro reflete os dados meteorológicos informados pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). De acordo com o órgão, o município de Orós registrou, entre os dias 1º e 25 de março, cerca de 260 milímetros (mm) de chuvas. Mesmo ainda restando seis dias para o término do mês, o acumulado medido até aqui já é maior do que o índice registrado nos mês inteiro em 2021, que foi de 156 mm.

Conforme os dados da série histórica do Portal Hidrológico, nos últimos dez anos, o período em que o Açude de Orós atingiu a maior recarga hídrica foi abril de 2012, quando o volume chegou a 84,47%. Já a última sangria do reservatório ocorreu em julho de 2011. Já o intervalo de maior escassez foi registrado entre janeiro e março de 2020, trimestre em que a barragem operou no volume morto, ou seja, com menos de 5% de sua capacidade.

As chuvas de março também levaram muita água para o maior reservatório do Estado, o açude do Castanhão. Embora ainda esteja com nível hídrico classificado como estado de alerta, somente neste mês, a barragem teve um incremento de 320 milhões de metros cúbicos na sua reserva de água. Com isso, o volume subiu de 8,36%, em 28 de fevereiro, para 13,14%, nesta sexta, 25. Localizada em Alto Santo, no Baixo Jaguaribe, a represa tem capacidade para acumular até 6,7 bilhões de metros cúbicos de água.

Das três maiores barragens do Ceará, a que enfrenta quadro mais preocupante é a de Banabuiú, no Sertão Central. Atualmente, o açude opera com apenas 8,22% de sua capacidade. No início do mês, o índice era de 8,07%. Mesmo com as chuvas de março, o reservatório só conseguiu acumular, até aqui, cerca de 3 milhões de m³. No total, a reserva chega a 126 milhões (m³), volume muito inferior à capacidade máxima do açude, que é de 1,6 bilhão (m³).

O cenário de escassez enfrentado pelo reservatório não acompanha a meteorologia. Isso porque, segundo números da Funceme, o município de Banabuiú, onde a barragem fica localizada, já registra, neste mês, um volume de chuvas 6% a mais do que a normal climatológica de março (161 mm). Até agora, o acumulado chega a 172 mm de precipitações.

No Estado, apesar dos 231 mm de chuvas contabilizados em março, o quadro hídrico ainda inspira preocupações. Considerando os 155 reservatórios monitorados pela Cogerh, o volume médio é de apenas 26,4% da capacidade. Atualmente, o Ceará tem 63 reservatórios com níveis de reserva abaixo de 30%, patamar classificado pela Cogerh como “estado de alerta”.

Já o número de açudes sangrando chega a 14. O último a atingir essa condição foi a barragem de Cauípe, em Caucaia, nesta sexta-feira, 25. Os outros 13 açudes que já estavam com suas águas vertendo são: Itapebussu (Maranguape), Muquém (Cariús), Angicos (Coreaú), Caldeirões (Saboeiro), Gameleira (Itapipoca), Germinal (Palmácia), Rosário (Lavras da Mangabeira), Itaúna (Granja), Ubaldinho (Cedro), Do Coronel (Saboeiro), Tijuquinha (Baturité), Quandú (Itapipoca) e Acaraú Mirim (Massapê).

No ano passado, neste mesmo período, apenas apenas quatro açudes estavam sangrando em todo o Estado. Embora o quadro seja melhor, ainda não provocou impactos significativos na situação hídrica estadual, já que a maioria dos reservatórios que transbordaram são de pequeno porte. Juntos, eles concentram um aporte de 332 milhões (m³), menos da metade do volume atual do Castanhão, que é de 880 milhões (m³).

Fonte: O Povo

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