Foto: Thiago Gadelha

O Ceará, depois da baixa cobertura vacinal contra a gripe no último ano, registrou 305 casos graves e 83 mortes causadas por Influenza A em 2022, até o dia 26 de março, superando o total de 2021. Com o início da nova campanha de imunização contra a influenza, surge a oportunidade de mudar o quadro a partir desta segunda-feira (4 de abril).

A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), forma mais delicada da doença, foi diagnosticada em 260 pacientes no último ano.

Isso significa que os 3 primeiros meses de 2022 foram suficientes para superar em 17,3% o total de 2021. Os dados são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) solicitados pelo Diário do Nordeste.

As vidas perdidas entre janeiro e março (83) também já superam a notificação de todo o ano passado, quando 67 pessoas morreram por causa de SRAG causada pela Influenza A. Isso acontece depois que apenas 72% do público-alvo se protegeu contra a gripe, quando a meta era de 90%.

“Quando se tem baixa cobertura, o vírus fica circulando e acometendo quem não está protegido. Se todo mundo fizer a vacinação, vamos ter menos gente acometida e transmitindo esse vírus”, resume Vanuza Chagas, pediatra e diretora da Clínica Previne Vacinas.

Com menos pessoas imunizadas contra a gripe e a flexibilização das medidas de prevenção à Covid - que também são válidas contra os casos de influenza - é preciso ter cuidado para evitar uma alta na transmissão da doença.

“Toda essa quebra do protocolo que se vinha também deixou as pessoas mais vulneráveis. Então, é importante que as pessoas que estejam doentes, com sintomas, continuem com o uso da máscara”, explica Vanuza.

Por isso, esse momento inicial de imunização é estratégico. Ainda mais que a nova vacina da gripe protege contra a cepa H3N2, conhecida como variante Darwin, associada ao surto no início do ano.

Alcançar a meta de vacinação evita casos graves, mortes e a sobrecarga do sistema de saúde.

A influenza é um vírus que gera muita complicação, principalmente, em alguns grupos como crianças, gestantes, pacientes com comprometimento de imunidade e idosos
VANUZA CHAGAS
Pediatra

Além da SRAG, casos de pneumonia também podem acontecer quando há complicações por causa da gripe. A vacina desponta como uma boa proteção contra isso e também em relação os sintomas comuns da doença, como febre, tosse persistente, dor na cabeça e no corpo.

O vírus da gripe está em constante modificação e novas cepas, como foi o caso da H3N2, se tornam mais virulentas. Isso significa que essas alterações são mais transmissíveis, por exemplo.

"Todas as vezes que a gente tem uma cobertura vacinal menor, a população fica mais vulnerável à transmissibilidade do vírus da gripe ou outra doença, como é o caso do sarampo", exemplifica Felipe Magalhães, farmacêutico e microbiologista.

Os não vacinados funcionam como pontes de transmissão para os vírus e por isso a campanha de vacinação busca criar barreiras, como explica Felipe.

"A gente quebra o que chamamos de pontes de transmissão: como se fossem várias rodovias onde o vírus quer trafegar, mas quando a gente vai se vacinando vai quebrando todas as pontes e ele não consegue avançar", ressalta.

O microbiologista frisa a diferença da imunização contra a gripe e contra a Covid e a importância da população receber os dois imunizantes. "Faz com que você tenha menos chances de ter um quadro grave de ambas", contextualiza.

Campanhas simultâneas: gripe, Covid e sarampo
Além da campanha da gripe, hoje (4) também começa a imunização contra o sarampo, que acontece em duas etapas, para crianças entre 6 meses e 5 anos. Nesse caso, a meta é alcançar 95% do público. A campanha contra a Covid também permanece.

Vanuza Chagas orienta, com base nas recomendações dos órgãos de saúde, que os pequenos entre 5 e 11 anos, que ainda não receberam a proteção Covid, priorizem essa imunização.

Diferente do que acontece com o público adulto, para receber a vacina da gripe ou sarampo, as crianças devem esperar 15 dias de intervalo da dose pediátrica contra a Covid.

“A vacina da gripe e do sarampo podem e devem ser feitas no mesmo dia. A gente chama isso de oportunidade vacinal, porque estou com a criança na unidade de saúde ou na clínica”, explica.

Também é preciso estar atento aos cuidados com os pequenos para evitar exposição de quem está doente.

“As crianças, que são importantíssimas nessa cadeia de transmissão da influenza, além de precisarem ser vacinadas, precisa ter o cuidado de criança doente não estar convivendo com outras outras, como na escola, por exemplo”

Calendário vacinal
A campanha contra a gripe na rede pública prioriza os grupos de risco e usa a vacina trivalente: eficaz contra as cepas tipo A (H1N1 e H3N2) e tipo B. Nas clínicas particulares, a formulação costuma ser quadrivalente e protege contra duas cepas do tipo A e duas do tipo B.

“A vacina da gripe é segura, não causa sintomas de gripe, porque é feita de vírus inativado, e é importante essa conscientização de toda a população se vacinar para não termos o que aconteceu em dezembro e no início de 2022”, destaca a pediatra.

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO CONTRA INFLUENZA NO CEARÁ
1ª FASE: DE 4 A 30 ABRIL*
Idosos a partir de 60 anos;
Trabalhadores da saúde.

2ª FASE: DE 2 DE MAIO A 3 DE JUNHO
Crianças a partir de seis meses e abaixo de cinco anos;
Gestantes e puérperas;
Pessoas com comorbidades e deficiências permanentes;
Povos indígenas;
Professores,
Caminhoneiros;
Trabalhadores do transporte coletivo;
Profissionais portuários;
Membros das Forças de Segurança e Salvamento e das Forças Armadas;
Funcionários do Sistema de Privação de Liberdade, população privada de liberdade e jovens de 12 a 21 anos em medidas socioeducativas.

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO CONTRA SARAMPO

1ª FASE: DE 4 A 30 ABRIL
Trabalhadores da Saúde.

2ª FASE: DE 2 DE MAIO A 3 DE JUNHO
Crianças a partir de seis meses a menores de cinco anos de vida.

Documentos necessários
Para receber a vacina, é necessário apresentar:

CPF;
Documento de identidade com foto;
Cartão Nacional de Saúde (CNS);
Comprovante de residência;
Cartão de vacinação.

Para ter acesso às vacinas da influenza, também será preciso, no caso dos trabalhadores, apresentar um documento de comprovação do trabalho. Os centros de vacinação aceitam a carteira de trabalho, uma declaração de vínculo, ou o contracheque.

Fonte: Diário do Nordeste

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