Texto escrito pelo correspondente do jornal OPINIÃO CE, Antonio Rodrigues

Não demorou muito até os primeiros bandeirantes, que desbravaram o sertão pernambucano vindos da Bahia pelo Rio São Francisco, encontrarem o Rio Brígida, no século XVII. Seguindo pelos seus 193 quilômetros de extensão, na sua nascente tinha solo fértil, água em abundância e muitos animais selvagens. Lá, era terra dos índios da tribo Ançus, entroncada da nação Cariri, que moravam no sopé da Chapada do Araripe.

Anos depois, os frades capuchinhos deram início a Missão do Santo Cristo, naquela região, atual Sítio Gameleira, que fica a cerca de 11 quilômetros onde atualmente está instalado o município de Exu. Com objetivo de aldear aquela população nativa, surge o Brejo do Exu, que se tornaria o primeiro povoamento da cidade, hoje, em ruínas, o popular “Exu Velho”.

Por dois séculos, o povoamento se deu ali e foi local de acontecimentos históricos, como a proclamação da adesão dos povos do sertão à Revolução Pernambucana de 1817, por Luiz Pereira da Caiçara, movimento que teve adesão como a única mulher de Bárbara Pereira de Alencar, irmã de Luiz, que depois se tornaria a primeira presa política do Brasil.

Mais de três séculos depois, a atual fazenda Gameleira mantém ainda as ruínas da primeira formação do Município, onde foi construída a Igreja do Senhor Bom Jesus dos Aflitos, concluída em 1696. Apesar do mato ao redor, a edificação se destaca e ainda preserva paredes e parte do piso.

A antiga cidade foi abandonada no final do século XIX para o sítio Lagoa dos Cavalos, o “Novo Exu”, onde se criou uma importante feira que, aos poucos, migrou o núcleo administrativo da cidade. Com o apelo da família Alencar, detentora da maior parte das terras da região, o padre João Batista de Holanda optou pela mudança em 1895. Já o “Exu Velho” provavelmente foi soterrado, lentamente, pela erosão no sopé da Chapada do Araripe.

Importante para a história do Pernambuco e do Cariri cearense, o local foi tombado em 2007 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na área que se encontram as ruínas do antigo Exu. É fundamental que haja um trabalho de prospecção arqueológica ali para descobrir o que ainda restou do primeiro povoamento.

As ruínas têm sua importância histórica e arquitetônica para o Nordeste e Brasil, pois se trata de igreja colonial com história umbilical sobre descobrimento do Cariri. O próprio escritor João Brígido conta que alguns bandeirantes vieram para a Chapada do Araripe através da Bahia, guiados pelo interesse em “vale com água”. Apesar do primeiro povoamento ter se dado por Missão Velha, o primeiro homem branco pode ter chegado ao Sul do Ceará guiados pelo Rio Brígida.

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