FOTO: Arquivo

O corpo de um homem foi recolhido no início da noite desta terça-feira (28 de junho de 2022), das imediações da Farmácia Pague Menos na Avenida Leão Sampaio (Triângulo), em Juazeiro. Supostamente, morreu em decorrência de coma alcoólico e até tinha no bolso da calça um resto de aguardente numa garrafa pet. De aproximadamente 35 anos, não tinha documentos que permitissem a sua identificação e, as vezes, atuava como flanelinha para ganhar uns trocados a fim de satisfazer o vício.

O mesmo costumava perambular na área entre a Praça do Triângulo, Ginásio Poliesportivo, Cariri Garden Shopping e Hospital Regional do Cariri. Chamou a atenção o comportamento entristecido da sua cadelinha vira lata aos pés do tutor velando o corpo. A equipe da Perícia Forense que se desloca com o rabecão até teve receio de ser atacado pelo animal que teimava em proteger o “dono” já sem vida dentro da antiga consideração de “verdadeiro amigo do homem”.

Em outro caso semelhante, o cão de “Dez Dez” permaneceu vários dias no local onde o tutor foi assassinado em agosto de 2016 no bairro Salesianos (Foto: Reprodução)

SEMELHANÇA – Foi o que aconteceu quando do assassinato de Cícero Zeneíldo Bento de Oliveira, de 42 anos, o “Dez Dez”, na noite do dia 23 de agosto de 2016 na calçada da Inboplasa, no cruzamento da Rua Leão XIII com a Avenida Padre Cícero no bairro Salesianos. Ele sempre perambulava pelas ruas de Juazeiro com seu cão vira lata. Às vezes, ocorriam desencontros em meio a peregrinação, mas o reencontro sempre acontecia na hora em que os dois se recolhiam nesta calçada, como se fora combinado.

Tinha muita alegria sim, mas, logo, o cansaço que tomava conta dos dois amigos os envolvia num sono reparador. Foi durante uma dessas dormidas que o morador de rua terminou assassinado com cinco tiros de revólver por dois homens que ali chegaram numa moto. Os tiros ceifaram a vida de “Dez Dez”, mas não conseguiram destruir o amor que o seu cãozinho tinha por ele. Até para o pessoal da Perícia Forense remover o cadáver foi difícil.

Sem entender o que se passava e perto de enorme poça de sangue, “Vasco”, como era chamado, não queria deixar ninguém se aproximar como se pretendesse dizer: “dele cuido eu, pois sempre fomos assim”. Com habilidade, o corpo foi retirado, mas o cãozinho ficou ali esperando que trouxessem de volta o seu inseparável tutor. Moradora do bairro, Rose Rodrigues era uma das testemunhas da tristeza do animal e postou foto nas redes sociais dizendo que ele tinha ficado órfão com o covarde assassinato do dono.

Toda noite, na hora em que “Dez Dez” costumava chegar, o cão se levanta e ficava olhando para os lados. Até caminhava um pouco à procura e, depois, se deitava mais uma vez, aparentemente convencido que a dor da saudade é proveniente do amor que fica. O sono já não era tão reparador, as caminhadas pelas ruas de Juazeiro já não tinham mais a alegria de antes e a falta de apetite parecia desafiar a esperança do animal de reencontrar o dono até sua morte.

Fonte: Site Miséria

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