Sopai, hospital infantil filantrópico, é um dos principais polos de internação de crianças com síndromes gripais. Foto: Natinho Rodrigues

Se no início da pandemia os idosos eram o alerta máximo, hoje a atenção se volta ao outro extremo etário: as crianças. O adoecimento por coronavírus ou outros agentes infecciosos tem aumentado a hospitalização delas – que já ocupam 226 leitos. Os dados foram atualizados na terça-feira (31).

A rede pública de saúde do Ceará tem 36 leitos ativos de UTI infantil, todos em Fortaleza – e todos ocupados. Há ainda outras 193 vagas ativas de enfermaria para crianças, das quais 190 estão com pacientes.

Os leitos pediátricos para tratar Covid ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na rede de saúde pública estadual estão distribuídos em três hospitais:

Sopai: 10 leitos de UTI ativos, todos ocupados; 130 leitos de enfermaria ativos, 127 ocupados;
Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS): 25 leitos de UTI e 48 leitos de enfermaria ativos, todos ocupados;
Hospital Geral Dr Waldemar Alcântara (HGWA): 1 leito de UTI e 15 de enfermaria infantil ativos, todos ocupados.

O levantamento foi feito pelo Diário do Nordeste por meio do Integra SUS, plataforma da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), e de contato direto com o Sopai. Os números estão atualizados até as 12h de hoje (31).

3 bebês também estão hospitalizados por síndromes gripais em UTIs e enfermarias neonatais do HGWA, conforme dados do Integra SUS.

Em nota, a Sesa informou que tem ampliado a oferta de leitos de UTI e enfermaria de acordo com a demanda, crescente no período sazonal de chuvas. “Hoje (31), a taxa de ocupação é superior a 90%”, concluiu a Pasta.

Por que as crianças estão adoecendo
Michelle Pinheiro, infectologista pediátrica do HIAS, pontua que o Ceará teve um período chuvoso mais tardio e longo, o que tem feito a demanda de atendimentos e internações aumentar desde março – abril e maio têm representado pico da procura por assistência.

O perfil dos pacientes do HIAS, como pontua a médica, é diferente, de crianças que já possuem comorbidades, mas que, nesse período de alta demanda, a unidade tem atendido diversas crianças na emergência com quadros gripais.

Elas chegam ao pronto-atendimento com coriza, febre, tosse, dor de garganta. As mais críticas, que precisam de reanimação e de UTI, muitas vezes já chegam com pneumonia bacteriana associada.
MICHELLE PINHEIRO
Infectologista pediátrica do HIAS

A infectologista pediátrica explica que tanto o coronavírus como outros vírus respiratórios tornam o organismo infantil mais vulnerável, “abrindo a porta para bactérias”. Esse cenário é comum no período de chuvas no Ceará, mas se agravou em 2022 devido à pandemia.

“Ficamos isolados, usamos máscaras, e isso evitou o contágio viral. Houve mutação dos vírus, e as crianças mais novas não foram expostas, não adquiriram imunidade cruzada. Agora, voltando à vida normal, elas se expõem e há esse boom de casos”, frisa Michelle.

Os pais são disseminadores principais dos vírus pra essas crianças. É importante que se mantenham todas as medidas já conhecidas pra prevenção da Covid, além da vacinação.
MICHELLE PINHEIRO
Infectologista pediátrica do HIAS

O médico Robério Leite, também infectologista pediátrico, reforça ainda que “quem convive com pacientes mais vulneráveis, aí incluídos os menores de 1 ano de idade, precisa usar máscaras, ainda que não sejam obrigatórias”.

Além disso, ele destaca que os calendários vacinais, para além do imunizante contra a Covid, devem ser atualizados, “pois, assim, as crianças terão maior proteção para outras doenças importantes, que não podem ser negligenciadas e que também podem ajudar a complicar a evolução das infecções”.

Como está a vacinação infantil contra a Covid
O Ceará já completou o esquema vacinal com 2 doses da vacina contra a Covid em 46% das crianças de 5 a 11 anos, faixa etária apta a tomar o imunizante. A meta é que 898.219 pequenos recebam a vacina, mas 224.817 ainda nem tomaram a 1ª dose.

Do total de crianças de 5 a 11 anos que devem ser vacinadas, 673.402 já receberam a dose inicial, mas 255.428 ainda não completaram o esquema com a D2.

Ao todo, o Ceará já aplicou mais de 20,3 milhões de doses contra a Covid-19.

Fonte: Diário do Nordeste

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