Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Desde 2016, ano que marca o início da transmissão disseminada da chikungunya por todo o Ceará, mais de 160 mil pessoas foram infectadas pelo vírus. Diante do novo aumento de casos confirmados da doença, ainda há uma parcela considerável da população do Estado que está vulnerável à enfermidade.

Fortalezense, a manicure Adriana Rodrigues, 30, teve a doença em 2017. “Foi forte. Tive muitas dores no corpo, muita febre, e não conseguia andar nem pentear o cabelo”, lembra. Foram 15 dias em tratamento para a fase aguda da chikungunya passar.

Porém, decorridos cinco anos da infecção, ela não se considera totalmente recuperada. “Ainda hoje, sinto muita dor nas minhas pernas, e elas incham às vezes”, lamenta.

A infecção também pegou Raiane Joice, 34, naquela epidemia. Como sequela, a assessora de investimentos ainda sente algumas dores nos joelhos.

“Não fiquei internada, mas tive febre de quase 40 graus. O pior foi que fiquei com as mãos e os pés muito inchados, e quase um ano com muitas dores nas juntas. Não conseguia nem fechar a mão, não conseguia segurar nem uma caneta”, conta.

Desde a doença, Raiane diz ter redobrado a atenção com os possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus. Assim, sempre checa vasos de plantas e guarda garrafas pets.

Veja a evolução de casos confirmados por ano no Estado:


A boa notícia é que quem já teve a doença deve estar protegido contra uma segunda infecção, como explica André Siqueira, infectologista e pesquisador da Fiocruz e coordenador da Rede de Pesquisa Clínica Aplicada a Chikungunya (Replick).

"Até onde sabemos, a imunidade é duradoura porque o Chikv não tem diferentes sorotipos, ao contrário da dengue, que tem quatro. Então, uma pessoa pode ter quatro tipos de dengue durante a vida, mas só uma vez por chikungunya porque não há essa diversidade."
ANDRÉ SIQUEIRA

Por outro lado, o Ministério da Saúde alerta que todos os indivíduos não previamente expostos ao Chikv estão sob o risco de adquirir infecção e desenvolver a doença.

Para André Siqueira, já decorreu um período longo desde a última epidemia. Nesse tempo, ele percebe uma redução nas atividades de vigilância e das campanhas de conscientização. Como o vírus continua circulando e essa época do ano marca uma maior proliferação do mosquito, há o favorecimento da transmissão.

VACINA CONTRA A CHIKUNGUNYA
Uma vacina contra a febre chikungunya está sendo desenvolvida entre o Instituto Butantan e a empresa de biotecnologia franco-austríaca Valneva. Como o Butantan divulgou em março deste ano, os resultados finais da fase 3 mostraram que o imunizante é seguro.

96% foi a resposta imune duradoura verificada entre os voluntários.

Os resultados revelam que a proteção alcançada por esses indivíduos após a vacinação permaneceu por, ao menos, seis meses. O produto também causa reações adversas “mínimas”, garante. Os testes ocorreram com mais de 4 mil adultos americanos.

O Instituto explica que a duração da imunidade continuará sendo monitorada periodicamente, com testes sorológicos, por pelo menos mais cinco anos. Os pesquisadores estimam que, em locais onde a doença é endêmica, como no Ceará, a produção de anticorpos pode ser ainda maior.

Ainda não há prazo para o uso comum dessa vacina. Em janeiro, o Butantan iniciou nova fase de testes em adolescentes brasileiros de 17 a 17 anos. O estudo deve durar 15 meses.

Fonte: Diário do Nordeste

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