Foto: Kid Junior

A maior oferta de pastagem ocasionada pela chegada da primavera (início em 22 de setembro a 21 de dezembro) deve contribuir para uma queda - ou pelo menos estabilização - dos preços do leite. Desde o início deste ano, o produto protagoniza os índices inflacionários local e nacionalmente.

A inflação oficial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta uma variação de 41,2% no preço do leite em Fortaleza desde o início do ano e de 43,6% nos últimos 12 meses. No Brasil, o produto já subiu 77,8% no ano e 66,4% em 12 meses.

Com mais pastagem, o gado produz mais leite e depende menos de rações baseadas em insumos como a soja e o milho, commodities agrícolas que sofrem a influência de fatores externos, como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Derivados no Estado do Ceará (Sindilaticínios), José Antunes, a chegada da safra de milho e de soja também proporciona um horizonte de preços mais baixos. “Está chegando a nossa safra de milho e soja. Nós já chegamos a pagar R$ 130 pela saca do milho e hoje eu pago R$ 85”, detalha.

Ele avalia que o preço já começa a cair e que as próximas pesquisas inflacionárias já devem mostrar, portanto, essas reduções. Também pontua que a safra de leite no Sul, que proporciona maior concorrência entre os produtores, deve contribuir para o barateamento do produto.

O economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Matheus Peçanha, também avalia que a mudança climática e seu impacto na oferta de pastagem é um dos fatores que deve influenciar a queda, ou pelo menos estabilização no preço do leite. Entretanto, ele acredita que uma redução mais expressiva só ocorrerá “talvez no primeiro ou segundo trimestre do ano que vem”.

Isso porque, com a elevação dos custos, produtores acabaram saindo da atividade, reduzindo a oferta de leites e derivados no mercado. “Todo esse problema levou a desinvestimentos nesse setor, então nós perdemos ofertantes porque a produção saiu a um custo mais alto. A gente precisa do retorno desses investimentos. Isso deve acontecer lá para o primeiro ou segundo trimestre do ano que vem”.

“O preço deve estabilizar a partir de outubro, novembro, mas para que ele caia com mais consistência, esses ofertantes precisam voltar ao mercado”, reforça o economista.

ELEVAÇÃO DA CONCORRÊNCIA
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), José Amílcar Silveira, também acredita que o preço deve baixar. Uma das iniciativas da Faec nesse sentido, de acordo com ele, é buscar novas indústrias para instalação no Ceará com o objetivo de elevar a competitividade.

Ele também destaca que a Feac tem atuado para regularizar a produção de leite no Ceará. “Muitos laticínios não são regularizados e nós estamos tentando combater isso junto ao (Sebrae) Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas”.

EMBRAPA
De acordo com comunicado da Embrapa Leite divulgado pelo colunista Egídio Serpa, os períodos mais complicados para os produtores foram o segundo semestre de 2021 e início de 2022, havendo uma melhora, porém, de maio a agosto deste ano.

"No mercado interno, pelo lado dos custos de produção, a notícia é positiva. Já em relação à tendência de preços e importações, o cenário é mais complicado.

"O custo de produção, segundo a Embrapa, recuou pelo terceiro mês consecutivo e acumula alta de 18,1% na de janeiro a julho de 2022 na comparação com igual período de 2021. "Ou seja, no comparativo anual os custos estão mais altos, apesar da desaceleração recente".

Além disso, a Embrapa Leite pontua que a queda nos preços de itens como fertilizantes e combustíveis vem contribuindo para reduzir a pressão no custo de produção do leite.

Fonte: Diário do Nordeste

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