O número de laboratórios privados no país que estão realizando testagem para o vírus da varíola dos macacos (monkeypox) ainda é limitado, mas o setor avalia que já foi responsável por identificar mais de 60% dos casos positivos do país – que já ultrapassam 2,4 mil.

Diferentemente dos testes rápidos para Covid-19, os planos de saúde NÃO são obrigados, por enquanto, a cobrir os exames, que podem chegar a R$ 450.

Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), como o oferecimento dos testes na rede privada ainda é “incipiente” e depende dos kits de testagem que precisam ser aprovados pela Anvisa, os testes não constam atualmente no rol de cobertura obrigatória pelas operadoras de saúde.

“É importante ressaltar que ANS está atenta ao cenário sanitário envolvendo a Monkeypox (varíola dos macacos) e, em momento oportuno, adotará ações em alinhamento com as políticas nacionais de saúde”, destacou a agência, em nota.

Para ter um panorama da atuação do setor privado, o g1 entrou em contato com os principais laboratórios de análises clínicas do país e com a Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), entidade que reúne cerca de 30 redes de medicina diagnóstica, e a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), que representa a indústria dos importadores e distribuidores de diagnóstico.

"Cada laboratório está tendo sua velocidade, mas eu diria que apenas os maiores estão, nesse momento, com condições de fazer um teste in-house [desenvolvidos pelos próprios laboratórios]. Então fica algo restrito a poucos centros", afirma Carlos Eduardo Gouvêa, presidente executivo da CBDL.

A CBDL não tem um número exato de centros privados, mas conforme explicou em nota Alex Galoro, diretor do Comitê de Análises Clínicas da Abramed, pelo menos 8 laboratórios vinculados à associação realizam o exame para diagnóstico da monkeypox no país, o que, segundo estimativas da entidade, representa mais de 60% de todos os exames efetuados no Brasil.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que, até 9 de agosto, os laboratórios de referência do país, da rede pública, fizeram 6.986 exames diagnósticos para a varíola dos macacos. O número engloba exclusivamente os testes feitos na rede pública.

É preciso ter um pedido do médico?
Na rede privada, Galoro explica ainda que os exames não precisam de prescrição médica, mas que essa orientação é importante e depende do quadro do paciente. Essa posição também defendida por Gouvêa.

"Não é exigência, mas é recomendado", diz.

Ainda de acordo com a Abramed, o tempo para obter o resultado dos testes costuma variar conforme a metodologia e os equipamentos utilizados, mas a execução dos testes leva em torno de 6h a 12h. A divulgação dos resultados leva de 1 a 2 dias.

Em nota, o Grupo Fleury (associado à Abramed), que atua nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Distrito Federal e Maranhão, informou que disponibiliza o teste para diagnóstico da varíola dos macacos por meio de suas marcas nos estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, e, mais recentemente, no Maranhão (por meio do laboratório local Inlab).

Os testes estão sendo comercializados por R$ 330 a R$ 450, valor que flutua de acordo com a marca do laboratório local e região.

Ainda não há registro comercial de testes na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) específicos para a monkeypox. Por isso, os que estão sendo usados foram desenvolvidos pelos próprios laboratórios – o que é chamado de desenvolvimento "in-house" – e não podem ser comercializados.

Até o dia 11, a Anvisa avaliava seis pedidos de registro de testes comerciais para diagnóstico da varíola dos macacos.

Carlos Eduardo Gouvêa, da CBDL, acredita que essa aprovação da Anvisa será importante, pois os testes ficarão mais baratos e, consequentemente, mais acessíveis.

"O mercado de diagnóstico é muito competitivo. Tendo escala e competitividade você consegue ter produtos cada vez melhores e a menores preços. Então, a tendência é esse valor, que é restrito a alguns laboratórios e a uma tecnologia trabalhosa, ser elevado. Tendo testes comerciais pouco a pouco vai cair o preço", destaca.

Positividade dos testes no Fleury
Em julho, a positividade média dos procedimentos efetuados pelo grupo foi de 58,33%. Na última semana desse mesmo mês (24/07 a 30/07), essa taxa estava em 68%. Em comparação com a primeira semana de julho, esse número era de 18%.

"Essa é uma positividade muito alta. Qualquer teste laboratorial [com positividade] acima de 50% é muito alto", detalha Granato. "A nossa impressão é que a doença está em franca expansão, isso talvez porque as pessoas não estejam ainda 100% informadas [sobre os sintomas da doença]".

O infectologista ressalta ainda que atualmente o grupo analisa "cerca de 15 a 20 amostras por dia", mas avalia que a positividade desses testes não deve crescer muito nas próximas semanas e que o crescente aumento é, na verdade, reflexo do longo período de incubação do vírus (de até 3 semanas).

"Entre a pessoa se contaminar e perceber que está doente, temos uma certa latência de tempo. É por isso que a gente está vendo mais gente positiva agora", pondera o especialista.

O Grupo Sabin declarou ao g1 que não informa os preços dos testes, mas que recebe em média seis amostras por semana e que os resultados são liberados em até 3 dias. O grupo é associado à Abramed e tem unidades no Distrito Federal e nos estados de Amazonas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Roraima, São Paulo, Tocantins e Santa Catarina.

"As amostras podem ser coletadas em qualquer unidade do Sabin no Brasil e processada no nossa central, em Brasília, que possui flexibilidade para atender a demanda", disse Graciella Martins, biomédica e gerente do núcleo técnico-operacional da empresa.

O g1 também entrou em contato com a rede Dasa, e os grupos Hermes Pardini e Frischmann Aisengart, que não responderam até a mais recente atualização desta reportagem.

Fonte: g1

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