Foto: Ilo Santiago Júnior/Arquivo Pessoal

03/12/2022

As chuvas em novembro deste ano entraram para a história. Este foi o que obteve o maior volume acumulado, para o período, nas últimas cinco décadas, desde que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

A média histórica para o período é de 5,8 milímetros e, ao fim do mês, foram contabilizados impressionantes 70,7 milímetros, ou seja, choveu mais de 10 vezes além da normal climatológica. "Foram índices realmente bastante significativos. Um volume atípico", pontua Morgana Almeida, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O desempenho de novembro se torna ainda mais relevante quando se observa o histórico do período. Em 50 anos, o mais comum é que o mês atinja a média histórica. Apenas 20 vezes, ou seja, em somente 40% dos anos, o mês de novembro fechou com precipitações acima da média.

Anos em que novembro ficou acima da média: 1976, 1978, 1979, 1980, 1982, 1984, 1986, 1989, 1990, 1993, 1995, 1996, 1999, 2011, 2013, 2014, 2018, 2020, 2021 e 2022.

Outra importante conquista do mês diz respeito a boas distribuições pluviométricas. Pela primeira vez em 5 décadas, todas as 8 macrorregiões do Estado tiveram chuvas pelo menos 4 vezes acima da normal climatológica.

Em alguns casos, o volume foi ainda mais expressivo, como na região Jaguaribana, cujo acumulado foi quase 20 vezes além da média histórica. 

Jaguaribana: média de 3,1 mm / 61,1 mm acumulados
Sertão Central: média de 5,4 mm / 86,4 mm acumulados
Ibiapaba: média de 7,3 mm / 82,7 mm acumulados
Litoral Norte: média de 1,5 mm / 15,7 mm acumulados
Maciço de Baturité: média de 5,2 mm / 47,9 mm acumulados
Litoral de Pecém: média de 2 mm / 16,2 mm acumulados
Cariri: média de 22,5 mm / 135,2 mm acumulados
Litoral de Fortaleza: média de 3,8 mm / 15,7 mm acumulados

CENÁRIO POSITIVO, MAS DISCRETO 
A Capital cearense também fechou com chuvas acima da média histórica. No entanto, o desvio foi pouco menos expressivo do que o verificado na média Estadual. A normal climatológica para o mês é de 6 mm e, ao fim de novembro, a Funceme contabilizou o acumulado de 18,3 milímetros.

Se quando observado o volume como um todo do Ceará, os índices foram os melhores em 50 anos, em Fortaleza o cenário é diferente. Apesar de ter fechado acima da média, o volume de novembro deste ano até foi superior a igual período de 2021, quando a Funceme contabilizou 8 mm, mas, em 2020, o mês fechou com 26,4 milímetros, índice superior ao contabilizado em novembro deste ano.

Mas, o que explica essa diferença de cenário em que cidades do Sul tiveram os melhores volumes e, municípios da porção superior do Estado acumularam índices mais discretos? O meteorologista do Inmet, Flaviano Fernandes, pontua que as chuvas de novembro foram causadas, majoritariamente, por frente fria vinda do Sul do País.

"Essas nuvens causavam chuvas no Estado da Bahia e em seguida subiam ao Ceará, atingindo primeiramente cidades da região do Cariri cearense", explica. A medida em que essa frente fria subia em direção a região litorânea do Ceará ela perdia força causando, por conseguinte, chuvas menos intensas. 

MAIOR E MENOR ACUMULADO
O destaque dado pelo meteorologista do Inmet à região do Cariri se confirma na prática. A cidade com maior volume pluviométrico acumulado em novembro passado foi Granjeiro, com 288,1 milímetros, índice 11 vezes superior à média história do Município (24,7 mm). Dos dez maiores índices do Estado, apenas 3 cidades não estão situadas na região do Cariri.

Maiores índices:

Granjeiro: 288,1 mm
Campos Sales: 256,8 mm
Aurora: 213,4 mm
Altaneira: 205,2 mm
Várzea Alegre: 204,1 mm
Caririaçu: 191 mm
Croatá (região da Ibiapaba): 185,2 mm
Ipaporanga (região da Ibiapaba): 185
Farias Brito: 181,7 mm
Catarina (região da Sertão Central): 177,3 mm

Já quando observado os dez menores índices, oito são de cidades do Litoral de Fortaleza. Todas as dez cidades não registraram qualquer chuva em novembro passado. Contudo, a Funceme pontua que necessariamente isso não significa que a cidade não tenha tido volumes pluviométricos.

Menores índices:

Abaiara (região do Cariri)
Pacujá (região Ibiapaba)
Jaguaruana (região Jaguaribana)
Quixeré  (região Jaguaribana)
São Luís do Curu (região do Litoral de Fortaleza)
Paracuru (região do Litoral de Fortaleza)
Uruburetama (região do Litoral de Fortaleza)
Bela Cruz (região do Litoral Norte)
Senador Sá (região do Litoral Norte)
Moraújo (região do Litoral Norte)

Como os dadaos são contabilizados a partir do envio das informações coletadas em cada posto pluviométrico distribuídos em todas as cidades do Ceará, pode ocorrer de, em determinado período, o índice não ter sido enviado. Desta forma, a Funceme destaca que todos os dados são parciais e podem sofrer atualização ao longo dos dias.

BOA RECARGA
Os bons índices garantiram significativa recarga aos açudes cearenses. O volume médio aportado nos 154 açudes cearenses monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) durante novembro foi o melhor dos últimos dez anos para este mês.

Levantamento realizado pelo Diário do Nordeste mostra que os reservatórios chegaram ao fim do mês com 32,8% de água acumulada, índice que só superado pelo registrado em novembro de 2012, ou seja, há uma década. O volume acumulado nesta reta final de ano é importante quando se analisa o cenário futuro.

Iniciar a quadra chuvosa (fevereiro-maio) com boa recarga nos reservatórios cearenses - sobretudo nos mais importantes, como Castanhão e Orós, os quais também estão com aporte satisfatório - abre margem para um segundo semestre do ano de maior conforto no que diz respeito ao abastecimento humano.

Fonte: Diário do Nordeste

Post a Comment