Oficina de produção do tijolo ecológico. Danilo é o primeiro da dir. para a esq. FOTO: Acervo Pessoal |
Utilizando-se
de uma receita simples de bioconstrução, Danilo produz tijolos com apenas 10%
de cimento e sem nenhum tipo de queima. Ao contrário do que é feito convencionalmente,
com a combustão para cozimento do produto, o método aplicado por Danilo utiliza
a cura-hidráulica. Sua meta é construir uma casa para provar a eficiência do
produto. Até agora, 2 mil tijolos já foram produzidos. Na prática, os tijolos feitos
no IFCE derão forma à balcões, um muro de cobogó e a Área de convivência usada
pelos estudantes.
“Nós,
construtores, engenheiros e arquitetos, geramos muito impacto ao meio ambiente.
É costumeiro dizer que o cimento só não é mais usado que a água como se este
fato fosse uma vantagem. Não é”, afirma o estudante. Sua notável preocupação
com o destino do meio ecológico o levou a procurar alternativas em seu campo de
estudo e trabalho, encontrando na bioconstrução e permacultura uma resposta
atraente.
MENOS
IMPACTO AMBIENTAL
O
processo acontece da seguinte forma: com areia (30% argila, 70% areia arenosa)
coletada em um terreno ocioso do próprio Instituto, Danilo a penera e mistura
manualmente, acrescentando 10% de cimento. “Ou seja, de 10 baldes de areia, utilizo
um balde de cimento”, deixa claro. Após aguar, a mistura vai para o maquinário,
utilizado para comprimir e moldar, formando o tijolo. São seis toneladas de
pressão sobre a mistura. A fase final é a hidro-cura, um processo que leva 7
dias.
Por
utilizar apenas um maquinário e sua produção dispensar queima, o bloco ou
tijolo ecológico foge dos padrões do convencional industrial. O processo feito
por Danilo é artesanal, prensando um tijolo por vez e podendo produzir 50 por
dia.
Pela
ABNT, a medida de resistência deste tijolo ecológico (2 MPA) é o dobro da
medida pelo bloco convencional de cerâmica vermelha (1 MPA). Este modelo BTC
(bloco de terra comprimida), Danilo diz, é comprovada há mais de 2 mil anos e
foi utilizada em 215 a.C para fazer a Muralha da China. À época, os tijolos
foram feitos de argamassa a base de barro e farinha de arroz, cozidos em altas
temperaturas.
AÇÕES
SOCIOEDUCATIVAS
Ao
longo de 2018, a produção dos tijolos ecológicos também vem rendendo ciclo de
palestras, oficinas e muita mão da massa – ou melhor, na terra – de alunos do
ensino fundamental e médio das escolas municipais e dos centros
socioeducativos. Danilo explica que as ações são uma contrapartida realizada
pela disponibilidade do maquinário do IFCE. “Sem contar que pude perceber o
quão significante é repassar a arte manual, a arte de se fazer com as próprias
mãos. As crianças participam, se divertem e aprendem algo novo”, relata.
O
projeto conta com orientação do professor Carlos Régis Torquato Rocha,
coordenador do curso de Tecnologia em Construção de Edifícios, que considera um
futuro promissor para os tijolos ecológicos. “Estamos desenvolvendo pesquisas
para substituir o solo por outra matéria-prima como, por exemplo, utilizar o
resíduo das fábricas de cerâmica no lugar”, conta, explicando ainda que testes
misturando cal com o resíduo da cerâmica poderá deixá-lo mais arenoso.
“Nosso
trabalho tem foco ambiental, mas também social. Queremos fazer um trabalho que
esteja a disposição da comunidade e obtenha resultados concretos”, afirma. Para
isso, estão fechando parcerias com outros cursos e pesquisadores na expectativa
de montar um maquinário semelhante, mas que permita a produção em maior escala
dos tijolos. (Site Cariri Revista)
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