FOTO: HONÓRIO BARBOSA |
A
persistir o quadro, o Município vai sofrer mais um baque em um setor da
economia agrícola que gera emprego e renda para milhares de famílias. De acordo
com levantamento da Secretaria de Agricultura do Município, Iguatu tem cerca de
500 hectares de cultivo irrigado de banana das variedades nanica (casca verde)
e pacovan, alcançando o terceiro maior núcleo de produção no Ceará.
"Só
está conseguindo vender, quem já tem mercado externo, transporte próprio, para
fábricas de doce e distribuidores locais", observa o produtor rural Ivo
Antunes. "O preço caiu e os atravessadores sumiram". Segundo Antunes,
o comércio de compra e venda na roça, que já perdurava mais de três décadas,
está se acabando. "Novas áreas de produção em outros Estados surgiram a
partir do uso de irrigação localizada, moderna, micro aspersão, que exige pouca
água".
O
produtor rural Francisco Bezerra disse que amarga prejuízo. "A gente
colhia os frutos, deixava na roça e os compradores chegavam a cada semana. Aqui
o fluxo era intenso, mas de uns meses para cá, eles não vêm mais",
explicou. "Isso traz perda e se continuar assim vou parar com o
cultivo".
O
produtor Armando de Souza é um dos antigos fruticultores e consegue se manter
na atividade porque dispõe de camionete e faz venda própria, sem
intermediários, para lojas em Iguatu e em outras cidades. Recentemente, vendeu
uma carga para uma fábrica de doces em Limoeiro do Norte, no Vale do Jaguaribe.
"A alternativa é vender para fora, mesmo com o preço reduzido".
O
técnico da secretaria de Agricultura do Município, José Teixeira Neto, confirma
que aqueles produtores que não têm canal de escoamento de produção passam por
dificuldades, mas ressalta que o setor vai superar dificuldades. "Esperar
para vender na roça não está dando mais certo e os mais afetados são os
produtores de banana nanica", frisou. "Quem tem rota continua
vendendo mesmo com queda de preço e de quantidade para cidades da região Centro-Sul,
Inhamuns e Sertão Central".
Escassez
Os
produtores que investiram em aquisição de camionetas ou caminhões, mesmo de
pequeno porte, conseguem escoar a produção semanal. "Há escassez de
banana, em particular das variedades pacovan e prata", pontuou Teixeira.
"Iguatu continua como centro produtor importante e o produtor mais
estruturado não foi afetado".
O
técnico da unidade regional da Agência de Defesa Agropecuária (Adagri),
Cristiano Benedito, que acompanhou durante vários anos os produtores de banana,
em Iguatu, observa que a crise pode ser sazonal. "Há aquele período de
menor e maior produção ao longo do ano", explicou. "No início do ano,
no primeiro semestre, temos recuo e aquele comprador que vem de fora e não
encontra o produto em quantidade suficiente, não volta nunca mais",
explica.
Para
Cristiano Benedito, a falta de organização dos pequenos produtores é o
principal fator da atual crise de comercialização. "Para quem depende da
venda no local de produção, a situação está difícil", pontuou. "É
preciso uma associação, uma articulação entre os produtores que poderiam vender
carga fechada, semanalmente para Fortaleza, que tem mercado aberto".
Famílias
Estima-se
que, na cidade de Iguatu, há cerca de 400 famílias que trabalham diretamente na
produção de banana irrigada em uma área de 500 hectares nas localidades de
Penha, Cardoso, Quixoá e Gadelha, que formam o cinturão produtivo nas várzeas
do Rio Jaguaribe. A variedade nanica (casca verde) é a mais cultivada e
apresenta média de produção anual por hectare entre 40 toneladas e 50 toneladas
ou 100 milheiros.
Após
a mudança de irrigação localizada em substituição à antiga técnica de inundação
e uso de manejo moderno, houve aumento da produtividade, que era considerada
muito baixa. O preço de venda do milheiro da banana nanica varia entre R$ 90,00
e R$ 110,00. Já o quilo está em torno de R$ 0,30. Esse valor já foi melhor, no
início de 2017, chegando a R$ 120,00, o milheiro.
O
preço da variedade pacovan é superior. O milheiro da fruta é vendido entre R$ 180,00
e R$ 200,00. Em janeiro passado, era R$ 280,00. "É preciso melhorar a
qualidade do fruto, adotar técnicas corretas de colheita, armazenamento e
transporte para que o fruto tenha boa aparência", defende Cristiano.
Supermercados
A
banana nanica, historicamente, foi mais direcionada para a produção de doces,
enquanto que a pacovan é direcionada para o consumo na mesa. "Essa
realidade está mudando. A gente já vê nos supermercados a banana nanica, em
particular quando amadurecida em câmara fria, que fica com a cor
amarelada", contou Cristiano Benedito. "Os consumidores estão
gostando do sabor e o preço fica em torno da metade da banana prata". (Diário do Nordeste)
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