Os internos Fernando Freire Júnior e Francisco Michael denunciaram os maus tratos. FOTO: Normando Sóracles
Uma operação do Ministério Público do Estado do Ceará, Polícia Civil e Polícia Militar interditou na tarde desta quarta-feira (20), o Centro Terapêutico Casa de Jacó, uma unidade de reabilitação para dependentes químicos em Juazeiro do Norte. Segundo o Promotor de Justiça Dr. Flávio Côrte, no local havia 32 pessoas vivendo “em uma masmorra”, alguns em situação de cárcere privado. Ninguém foi preso.

Após denúncias, a promotoria resolveu fazer uma diligência na casa e encontrou ao menos um interno algemado dentro de uma cela. De acordo com as autoridades, o lugar se assemelha a uma garagem escura, sem banheiro e apenas com um buraco no chão para necessidades fisiológicas. No momento da abordagem, um homem se identificou como vigilante, mas na verdade tratava-se de uma pessoa com dependência química, e trabalhava em troca de comida e estadia.

Na delegacia, dois internos relataram que na Casa de Jacó, localizada no bairro Tiradentes, os próprios funcionários vendiam drogas. Em conversa com o Miséria, um usuário relatou que chegou a trocar um ventilador por um cigarro de maconha. As denúncias serão formalizadas perante a Delegacia de Polícia Civil junto com a defesa das vítimas.

Ainda segundo relato do MPCE, na casa foi encontrado um idoso de 64 anos com um vazamento de ar no pulmão. Após atendimento pelo SAMU ele foi enviado para o Hospital Regional do Cariri, onde deve passar por uma cirurgia urgente.

Em uma página oficial do Facebook, a Casa de Jacó é identificada como um centro terapêutico especializado em tratamento de dependência química, incluindo álcool e drogas. Para se manterem no local, os internos pagavam um salário mínimo. O Dr. Flávio Côrte diz ainda que por vezes a família não sabem da situação vivida por quem está internado na instituição.

Após a constatação dos fatos de maus tratos e cárcere privado, a Promotora de Justiça Alessandra Magda iniciou os procedimentos para um Termo de Ajustamento de Conduta. Será avaliada a possibilidade de pedidos de prisão para os responsáveis pela casa. De acordo com um interno, o local é mantido por um homem identificado como Jacó, junto com sua esposa.

Os responsáveis não se pronunciaram nem atenderam as ligações até o fechamento desta matéria.

(Fonte: Site Miséria)

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