O Cariri acaba de perder o empreendimento responsável pela criação de centenas de postos de trabalho e geração de negócios por varias décadas. O Banco Central do Brasil cancelou a carta de autorização de funcionamento do Banco Caixeiral do Crato, inaugurado em 24 de junho de 1931. Nascida em uma conversa na sala de jantar da residência do professor Pedro Felício Cavalcanti, a instituição foi uma das impulsionadoras do crescimento local.

Até 1974, funcionou com status de Banco. Em obediência às novas regras do próprio Banco Central do Brasil, foi transformado em Cooperativa de Crédito Caixeiral do Crato. A instituição operava nas linhas de empréstimos pessoais e financiou setores da agricultura, indústria e comércio. Gerou emprego e renda para segmentos da economia regional, a exemplo dos empresários cratenses Antonio Alves de Morais Junior (algodão), José Sampaio de Macedo (cana de açúcar) e Vicente Celestino (comércio).

Operaram com movimentação financeira e empréstimos consignados no Banco Caixeiral investidores do município pernambucano de Exu, como o rei do baião Luiz Gonzaga. Ele manteve, por muitos anos, sua conta pessoal com expressiva movimentação financeira. O beato José Lourenço, rico agricultor da época, foi cliente até sua morte. A sociedade do Crato e de vários municípios do Cariri utilizava a instituição para guardar seus valores financeiros e tomar dinheiro emprestado para financiar seus negócios. Os engenhos de rapadura de toda a região tinham a instituição como seu principal agente financiador.

O Banco Caixeiral do Crato era gerenciado há 24 anos pelo professor Kleber Callou, que recebeu o comando da instituição um dia após a morte de seu fundador, professor Pedro Felício Cavalcanti, em 28 de agosto de 1991. Em recente assembleia geral, o professor Érico Felício foi eleito para assumir a diretoria gerencial, o que deveria ter ocorrido no ultimo mês de maio. Para ele, o que motivou a desativação do Banco Caixeiral do Crato foi a diminuição da demanda dos serviços e seu retardamento para ingressar nos avanços tecnológicos, principalmente na área das comunicações, acarretando grave decadência no movimento financeiro.

“O Crato não perdeu somente uma agência bancária e nem uma cooperativa de crédito. O fato mais lamentável é o prejuízo cultural e histórico da cidade. Lamento muito não ter tido a oportunidade de devolver sua recuperação. Sinto-me entristecido pelo saudosismo que envolve as lembranças do meu avô, Pedro Felício Cavalcanti, e de um Crato forte, impulsionado pelo agente financeiro que foi aquela casa de crédito”, disse o professor Érico Callou.

O prédio onde funcionou o Banco Caixeiral fica localizado na esquina das Ruas Bárbara de Alencar com Dr. João Pessoa, no centro da cidade. O local, que foi construído em 1951, 20 anos após a fundação do banco, encontra-se sob a administração de um liquidante e de um Conselho Fiscal, com a missão de buscar meios legais para encerrar a vida econômica e financeira do patrimônio. Somente depois desse levantamento é que será decidido o que deverá ser feito com o imóvel. Não há previsão exata da conclusão dos trabalhos, o que pode demorar meses ou anos.

Fonte: Jornnal do Cariri            Últimas Notícias

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