Para as artesãs do Município, tecer com os
bilros é uma atividade prazerosa, feita
com dedicação ao longo das gerações.
FOTO: André Costa
Santana do Cariri. O bilro é um pequeno pau de madeira ou semente de buri, em cuja extremidade se prende um fio. Com o cruzamento de vários bilros forma-se os pontos da renda. A definição é didática, porém, fria diante do peso cultural que este trabalho representa para um grupo de artesãs deste Município da região do Cariri. Desde 2009, por meio da Associação das Rendeiras do Bilro de Santana do Cariri, doze mulheres dão continuidade a uma tradição bastante presente no litoral do Estado, mas quase esquecida no Interior.

Organizadas em cooperativa, essas mulheres buscam o fortalecimento do seu trabalho "para não deixar morrer uma tradição tão bonita", conta Joana D'arc Pereira. As rendeiras vêm buscando se qualificar e se aperfeiçoar na arte de tecer rendas de bilro, além de diversificar a aplicação do conhecimento adquirido criando e produzindo novas peças, como bolsas, toalhas e outros acessórios, além de redes, carro-chefe das produções. As peças, em grande parte, são confeccionadas a partir de encomendas e, após o pagamento das despesas, o lucro é dividido entre as cooperadas.

Diferencial
A renda que as artesãs de Santana do Cariri aprenderam, confeccionada com linhas mais grossas, próprias para crochê, ou com barbante natural de algodão ganhou novas formas e novas cores. O resultado, segundo Joana, é nitidamente diferente das rendas produzidas do litoral cearense. "O material utilizado e os pontos que dão forma às peças não são os mesmos e, por isso, elas são mais pesadas e menos maleáveis do que as outras rendas, tendo melhor acabamento", destaca.

Reciclagem
A artesã lembra que nada é jogado fora, tudo é aproveitado. Até mesmo o resto da matéria-prima usada na fabricação de uma determinada peça é utilizado para a criação de outra. A comercialização do produto é feita, geralmente, por meio de encomendas que chegam à cooperativa das mulheres.

"Agora estamos funcionando num dos principais pontos turísticos da cidade, o Casarão Cultural Coronel Felinto Cruz, tornando mais fácil o contato do turista, que encomenda as peças e pode até acompanhar de perto o processo de produção", pontua Joana D'arc. Desta forma, a Associação já conquistou o público de outras praças, como o Estado de São Paulo. As rendeiras de Santana do Cariri ressaltam, entretanto, que acima de tudo, "a arte de tecer o bilro é uma atividade prazerosa, feita com dedicação ao longo das gerações".    (Diário do Nordeste)

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