Pessoa que apresenta três ou mais evacuações, amolecidas ou aquosas, por dia (24 horas), com duração de até 14 dias. Essa é a definição de Doença Diarreica Aguda (DDA), que registrou  233.797 casos este ano no Ceará, com 41 surtos. O número já é maior do que o total diagnosticado em 2015, que somou 231.957 casos e 30 surtos. A coleta de amostras clínicas de pacientes, que deveria ocorrer principalmente em todos os casos de surto, acabam não sendo realizada. Os números são do boletim de doenças de notificação compulsória da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).

Um dos objetivos dos serviços de vigilância epidemiológica da DDA é investigar as causas da doença, que pode ser provocada por vírus, bactéria, protozoário ou fungo. Em 2015, apenas cinco coletas foram realizadas, conforme boletim divulgado em abril pela Sesa. Este ano, nos quatro primeiros meses, foram apenas três. 

“Acaba sendo uma análise muito empírica, porque a pessoa pode chegar e dizer que está com diarréia há 15 dias ou um mês, mas não podemos conferir. É preciso notificar e investigar para saber se esse intervalo segue como diagnóstico. E tem de colher amostras das fezes e dos alimentos”, explicou a assessora da supervisão do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Sesa, Sara Mendes. Conforme ela, o aumento no número de casos pode ser resultado de um sistema mais sensível às notificações. Entretanto, Sara ressaltou que a DDA acaba sendo uma patologia não considerada de importância na hora do diagnóstico.

Para o médico de Saúde e Comunidade, Bruno Benevides, a maior causa de casos de DDA está relacionada ao armazenamento de água em locais inadequados. “Em muitos municípios, grande parte do abastecimento ainda é por caminhão-pipa, que pegam água de açudes e rios que podem estar contaminados. E pior, quando o reservatório vai secando, essa poluição se concentra ainda mais. Isso facilita a transmissão desses agentes etiológicos (como os vírus)”, detalhou Bruno. 

Conforme ele, o atendimento nos postos de saúde considera a gravidade dos sintomas. Em muitos casos, o paciente não chega a ser atendido pelo médico, recebendo de uma enfermeira as orientações sobre a hidratação necessária. “Os casos mais graves apresentam fraqueza, vômitos e sangue nas fezes”, afirmou. Os vírus, de acordo com Bruno, são os principais agentes que provocam as DDA e na maioria das vezes são originários da má higiene e da falta de esgotamento sanitário.

No município de Icó, conforme o boletim de doenças de notificação compulsória, foram registrados 1.610 casos e 19 surtos. O POVO entrou em contato com a coordenadora da Atenção Básica à Saúde da cidade, Tâmara Medeiros. Conforme ela, não foram registrados 19 surtos. Ela entrará em contato com a Sesa para investigar a origem dos números.  
 
DOENÇA DIARREIA AGUDA NO CEARÁ ATÉ 20 DE AGOSTO

Fortaleza - 27.487 casos
Caucaia - 8.348 casos
Maracanaú - 16.810 casos
Maranguape - 5.746 casos
Itapiúna - 1.467 casos
Canindé - 2.210 casos
Itapipoca - 4.137 casos
Aracati - 2.962 casos
Quixadá - 6.179 casos
Quixeramobim - 3.273 casos
Russas - 3.466 casos
Jaguaribe - 2.557 casos
Reriutaba - 1.716 casos
Sobral - 7.289 casos
Tianguá - 1.709 casos
Tauá - 2.088 casos
Crateús - 3.533 casos
Granja - 3.175 casos
Iguatu - 1.124 casos
Crato - 4.591 casos
Ocara - 5.632 casos           (O Povo)                                                    Principal

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