Só em 2016, segundo a Sesa, o vírus foi detectado
em 122 mulheres grávidas. FOTO: Serena Morais
De janeiro a junho de 2016, conforme a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), já foram registrados 131 óbitos em decorrência da Aids, o que representa uma média de 21 mortes por mês, ou uma a cada dois dias no Estado. Metade dos óbitos aconteceu em Fortaleza, com 65 casos, seguida de Maracanaú, Caucaia e Iguatu.

Neste ano, de janeiro a 13 de agosto, também foram notificados mais 317 casos da doença e 401 casos de detecção do vírus HIV. No Estado, a maior ocorrência da doença se dá na faixa etária adulta de 30 a 39 anos, seguida dos adultos jovens de 20 a 29 anos. Contudo, os dados indicam que os casos de infecções pelo HIV têm aumentado entre jovens de 15 a 24 anos.

Segundo o infectologista Érico Arruda, do Hospital São José de Doenças Infecciosas, a unidade atende a cerca de 4 mil pessoas vivendo com Aids. "A doença continua assustando no Nordeste e no Ceará. Não temos indicadores favoráveis de redução e ela continua aumentando principalmente entre homens jovens que fazem sexo com outros homens (HSH). São eles que precisam ter mais atenção, combinando o uso de preservativos ao uso de medicamentos".

Falta Assistência

No entanto, para o coordenador da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids no Ceará (RNP+CE), Vando Oliveira, as mortes são reflexo da falta de assistência integral do poder público e de campanhas de prevenção efetivas. "O atendimento existe, mas o número de profissionais é pequeno. As consultas chegam a demorar quatro meses. Se você não recebe esse acompanhamento, fica exposto às infecções oportunistas, o vírus se replica e aí vêm os adoecimentos, que são o caminho para os óbitos", critica.

Além de adultos, crianças também podem ser afetadas pela doença: nos últimos dez anos, 77 crianças menores de 5 anos foram infectadas no Ceará, segundo a Sesa. A Pasta indica que uma das principais estratégias no diagnóstico precoce é a realização de, no mínimo, dois testes rápidos para o HIV durante o pré-natal de gestantes soropositivas, conforme orientação do Ministério da Saúde.

Só em 2016, segundo a Sesa, o vírus foi detectado em 122 mulheres grávidas. Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de transmissão do HIV de mãe para filho durante a gravidez, sem qualquer tratamento, pode ser de 20%. Em situações nas quais a mulher segue as recomendações médicas, a possibilidade de transmissão vertical- quando o vírus é passado de mãe para filho- pode ser menor que 1%.

Parto

Segundo Érico Arruda, o bebê tem 65% de chance de ser infectado pelo HIV durante o parto. Outros 25% de chance de infecção são durante a gravidez e 10% no pós-parto. O desafio começa quando a detecção é confirmada, pois nem todos os medicamentos para adultos podem ser prescritos para crianças.

"Os tratamentos têm se tornado mais efetivos, mas infelizmente, na primeira infância, a dificuldade é a família saber lidar com a criança. Os medicamentos não têm um gosto bom e ela tendem a rejeitá-los. Mas, se a criança toma a medicação, tem a perspectiva de qualidade de vida boa", explica o infectologista.

Segundo a Sesa, no Ceará, nota-se a diminuição da taxa de detecção de Aids em menores de cinco anos no último dois anos. Dentre os motivos, está o atendimento das gestantes na Rede Cegonha, estratégia do Governo Federal que presta assistência à saúde materno-infantil no País, e a implantação do teste rápido nas maternidades.

Existem 24 Serviços de Assistência Especializada em HIV/Aids (SAE) em 11 municípios. A Capital conta com sete unidades mantidas pelo município e mais duas mantidas em parceria com universidades privadas. Os SAEs dispõem de equipes multiprofissionais em saúde, compostas por infectologista, enfermeiro e, em alguns serviços, assistente social e psicólogo. Além da realização de testes para detecção do HIV e sífilis, eles realizam prescrição de medicamentos. (Colaborou Nicolas Paulino)                           (Diário do Nordeste)


Principal

Post a Comment